
O secretário-geral da ONU está “alarmado” com o plano adoptado pelo gabinete de segurança israelita que visa a ampliação das operações militares na Faixa de Gaza, com o objectivo de “conquistar” o território.
António Guterres “está alarmado com essas informações sobre planos israelitas de ampliar as operações terrestres e prolongar a presença militar em Gaza” e alerta que “isso levará inevitavelmente a um número incalculável de civis mortos adicionais e a mais destruição em Gaza”.
Também o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Noël Barrot, expressou esta terça-feira a sua “veemente condenação” ao plano israelita de conquista de Gaza e à nova campanha militar no território palestiniano.
“Isto não é aceitável”, declarou o Barrot à rádio RTL, considerando que o Governo israelita está “a violar o direito humanitário”. O chefe da diplomacia francesa acrescentou que “a prioridade é o cessar-fogo e o acesso sem entraves da ajuda humanitária, de forma massiva”.
O plano de “conquista” da Faixa de Gaza, aprovado durante a noite de segunda-feira pelo gabinete de segurança, prevê que Israel mantenha o controlo sobre o território e apoia um projecto que organiza a “partida voluntária” dos palestinianos. Na noite de domingo, o exército israelita confirmou o chamamento de “dezenas de milhares de reservistas”.
“A operação inclui um ataque de grande envergadura” e “o deslocamento da maioria da população da Faixa de Gaza” para fora das zonas de combate, declarou na segunda-feira o general de brigada Effi Defrin, porta-voz do exército israelita.
Entretanto, o Hamas veio a público sublinhar que no seguimento do plano israelita, as negociações para uma trégua em Gaza já não têm qualquer interesse nesta fase e apelou a comunidade internacional para que pressione Israel a pôr fim à “guerra da fome”.
A decisão de Telavive surge numa altura em que as Nações Unidas continuam a alertar para a catástrofe humanitária e o risco de fome que ameaçam os cerca de 2,4 milhões de palestinianos do território, sujeito a um bloqueio total por parte de Israel desde o dia 02 de Março.
Esta terça-feira, 06 de Maio, Jens Laerke, porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), numa conferência de imprensa acusou Israel de utilizar a ajuda humanitária como “arma” de guerra na Faixa de Gaza, enviando “bombas” em vez de água e alimentos. Israel acusa o Hamas de desviar a ajuda humanitária e justifica o bloqueio da Faixa de Gaza com a necessidade de pressionar o movimento a libertar os reféns. Por seu lado, o movimento islamita palestiniano acusa Israel de recorrer à “chantagem” com a ajuda humanitária.