
Assam, Índia – 5 de Junho de 2025
Pelo menos 1.500 aldeias ficaram submersas e centenas de milhares de pessoas foram deslocadas após dias de chuvas intensas no estado de Assam, no nordeste da Índia. A força das águas não poupou sequer o Parque Nacional de Kaziranga, um dos mais importantes santuários de vida selvagem do país, mundialmente conhecido pela sua população de rinocerontes-indianos de um chifre.
De acordo com as autoridades locais, mais de 1,8 milhão de pessoas foram afetadas pelas inundações, que já provocaram 72 mortes desde meados de maio. Os rios Brahmaputra e seus afluentes transbordaram, inundando estradas, casas e plantações. Equipas da Força Nacional de Resposta a Desastres (NDRF) estão no terreno a realizar operações de resgate, incluindo o salvamento de animais selvagens encurralados.
O Parque Nacional de Kaziranga, Património Mundial da UNESCO, viu cerca de 85% da sua área coberta por água. Pelo menos nove rinocerontes morreram afogados, além de dezenas de outros animais, como veados, búfalos e javalis. A situação agravou-se com a fuga de animais para as margens da autoestrada próxima, onde vários acabaram atropelados.
A cerca de 100 quilómetros dali, a Reserva de Vida Selvagem de Pobitora, que abriga a maior densidade de rinocerontes por quilómetro quadrado no mundo, também foi afetada. Embora apenas 8% da área de habitat dos rinocerontes tenha sido inundada, a preocupação com a caça furtiva levou ao reforço da vigilância, já que 16 dos 25 postos de controlo ficaram inacessíveis devido às águas.
Especialistas alertam que os efeitos das alterações climáticas estão a tornar os episódios de monção cada vez mais intensos e imprevisíveis, pondo em risco tanto as populações humanas quanto ecossistemas únicos. Organizações ambientais pedem medidas urgentes de adaptação e reforço das infraestruturas para mitigar futuras tragédias.
Enquanto o nível das águas começa lentamente a recuar em algumas zonas, a prioridade das autoridades é assegurar abrigo, alimentos e cuidados médicos às comunidades deslocadas, além de proteger a fauna ameaçada da região.