
É doloroso admitir, mas a África está sendo mantida refém — não por potências estrangeiras, mas pela sua própria elite envelhecida que se recusa a largar o poder. O Vice-Primeiro-Ministro do Uganda, Ali Moses, tem 86 anos. Oitenta e seis. Isso não é símbolo de sabedoria — é sintoma de um continente com medo de confrontar o passado e sem vontade de abraçar o futuro.
Ali Moses é deputado há 24 anos. Antes disso, foi general. Antes ainda, ocupou praticamente todos os principais ministérios: Finanças, Interior, Desporto — tudo. Isso não é liderança. É monopólio do poder estatal. Como pode um continente com a população mais jovem do mundo ser governado por homens velhos o suficiente para serem bisavôs da próxima geração de agentes de mudança?
Essa obsessão pela gerontocracia é uma herança colonial. A velha guarda vê o Estado como um feudo pessoal, onde a lealdade vale mais do que a competência e a idade é confundida com legitimidade. Esses homens não servem — eles reinam. Se entrincheiram no poder enquanto jovens africanos educados e visionários são reduzidos a bater palmas nas galerias do parlamento ou fogem para a diáspora, frustrados.
Vamos ser claros: isso não é sobre etarismo. É sobre estagnação. É sobre a sufocação deliberada de novas ideias por homens que medem o seu sucesso pela longevidade no cargo, e não pelas mudanças que trouxeram. Enquanto a África enfrenta uma revolução tecnológica, uma crise climática e uma reestruturação econômica, estamos sendo liderados por pessoas que ainda romantizam a Guerra Fria e medalhas de guerra.
Até que a África confronte essa realidade — até que exijamos mudança geracional, renovação de liderança e um rompimento radical com esses caciques reciclados — a nossa “ascensão” continuará sendo apenas um slogan, não uma realidade.
A África não precisa de mais estadistas idosos. Precisa de conselheiros experientes e transformadores jovens.
Fonte: New Africa