
No fundo do gelo eterno da Sibéria, onde a terra já não treme e o tempo parece esquecer-se de si mesmo, algo incrível surgiu do passado.
Um potro.
Não um fóssil, nem um esqueleto… mas um corpo inteiro, intacto, com a pele tersa, as pálpebras ainda fechadas, como se estivesse simplesmente dormindo. Tinha 42.000 anos. E ainda mantinha sangue líquido nas veias.
O achado ocorreu em Yakutia, na remota região de Verkhoyansk — o coração gelado da Rússia — e o animal pertencia à espécie extinta Equus lenensis, um ramo ancestral de cavalo que percorreu a Terra durante o Paleolítico Superior.
Foi transferido para o Museu do Mamute em Yakutsk. Lá, os cientistas aguentaram a respiração: não era apenas o exemplar mais bem preservado já encontrado… era uma cápsula do tempo biológica.
O sangue — escuro, fluido, antigo — tornou-se uma promessa.
Uma possibilidade que ultrapassa os limites entre ciência e mito: clonar o cavalo do gelo. De volta à vida. Fazer o seu galope ressoar nas estepes onde já pastou sob céus primitivos.
O projeto já está em andamento.
E embora a ciência ainda não tenha todas as respostas, o que este potro nos deixou não foi só ADN… mas uma pergunta que continua pulsando sob o gelo:
E se o passado não estiver morto?
E se eu esperar… a ser lembrado?
El ilustrador