Um recente estudo do China Strategic Risks Institute (CSRI) revelou que 80% dos atos de sabotagem contra cabos submarinos do Reino Unido, entre 2021 e 2025, foram atribuídos a embarcações ligadas à Rússia e à China. Estes ataques, que atingem a infraestrutura vital para o tráfego global de dados, evidenciam uma nova face da guerra silenciosa entre potências.

Os cabos submarinos são responsáveis por transportar cerca de 99% do tráfego internacional de internet e dados, tornando-se alvos estratégicos para ações de espionagem, sabotagem e coerção, especialmente em tempos de tensão geopolítica. O relatório destaca que, apesar da importância crítica destes cabos, o Reino Unido cobre apenas 22% da sua zona económica exclusiva com sistemas de radar, deixando grande parte da infraestrutura vulnerável a interferências.

As operações suspeitas foram realizadas principalmente por embarcações comerciais que atuam sob bandeiras de conveniência, dificultando sua identificação e rastreamento. A coordenação entre navios russos e chineses tem sido observada em áreas sensíveis como o Mar Báltico e o Estreito de Taiwan, evidenciando uma estratégia coordenada de perturbação.

O governo britânico admite estar “mal preparado” para lidar com esse tipo de ameaça híbrida, reconhecendo falhas na legislação e na capacidade de resposta rápida a sabotagens. A ausência de navios especializados e a limitada cobertura radar dificultam a proteção efetiva dos cabos, tornando a infraestrutura crítica vulnerável a ataques furtivos.

Especialistas alertam para a necessidade urgente de modernizar as políticas de defesa marítima, ampliar a cooperação internacional e investir em tecnologias de vigilância para proteger a espinha dorsal do sistema digital global.

Este cenário mostra que as ameaças atuais ultrapassam os confrontos tradicionais, exigindo novas abordagens para garantir a segurança nacional e internacional. Sem medidas eficazes, a integridade da comunicação global poderá estar em risco, com impactos profundos na economia, segurança e soberania dos países envolvidos.