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Crise Humanitária em Cabo Delgado Entre as Mais Esquecidas do Mundo

Cabo Delgado, Moçambique – A província de Cabo Delgado foi recentemente classificada pelo Conselho Norueguês para Refugiados (NRC, na sigla em inglês) como uma das três crises de deslocamento mais esquecidas do mundo. A situação no norte de Moçambique permanece crítica, com milhares de pessoas deslocadas a viver em condições extremas, sem acesso regular a alimentação, abrigo ou cuidados de saúde.

Durante uma visita recente à região, o Secretário-Geral do NRC, Jan Egeland, descreveu a gravidade da crise como “alarmante”, sublinhando que a comunidade internacional “não pode virar as costas” a esta emergência humanitária prolongada. A visita teve como objetivo reforçar o apelo global por solidariedade e ação imediata para apoiar os deslocados internos de Cabo Delgado, muitos dos quais vivem em campos sobrelotados e em condições de extrema precariedade.

A Embaixada da Noruega em Moçambique reafirmou o seu apoio contínuo às operações do NRC no terreno, numa altura em que a resposta humanitária enfrenta cortes drásticos no financiamento internacional. A redução do apoio, particularmente por parte dos Estados Unidos, que recentemente cortaram a assistência fornecida através da sua agência de ajuda internacional, a USAID, agravou ainda mais as dificuldades enfrentadas pelas populações deslocadas.

“O corte da ajuda humanitária norte-americana teve um impacto direto e devastador na nossa capacidade de resposta. Desde então, muitas famílias deixaram de receber qualquer tipo de assistência. Estão a passar fome, muitas vezes sem comer por dias. E o mais preocupante é que o governo moçambicano não se pronunciou nem apresentou medidas concretas para colmatar esta falha”, denunciou uma fonte ligada às operações humanitárias no terreno.

 Crise Humanitária em Cabo Delgado Entre as Mais Esquecidas do Mundo
image_editor_output_image187585621-17504085246606403690002408049562 Crise Humanitária em Cabo Delgado Entre as Mais Esquecidas do Mundo
Jan Egeland – Secretário geral do conselho norueguês para refugiados.

Face à escassez de recursos e ao crescente número de deslocados, a Embaixada da Noruega lançou um apelo público às autoridades moçambicanas e a entidades privadas e internacionais com capacidade de intervenção. “A crise em Cabo Delgado não pode ser ignorada. Precisamos de ação urgente e coordenada. O povo de Cabo Delgado merece solidariedade e dignidade”, declarou um porta-voz da embaixada.

Com mais de 800 mil pessoas deslocadas desde o início do conflito armado na província, a ausência de financiamento e apoio institucional ameaça transformar uma crise já prolongada numa tragédia humanitária de proporções ainda maiores.

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