Celso Correia, ex-ministro da Agricultura e figura central no agora extinto programa SUSTENTA, terá lançado fortes ameaças a eventuais tentativas de investigação ao controverso projecto que liderou durante os últimos anos do governo de Filipe Nyusi.

Em declarações feitas num encontro fechado com antigos colaboradores e aliados políticos, Celso Correia — outrora descrito como o “jovem tigre” do executivo moçambicano — mostrou-se agitado e desafiador perante os ventos de mudança que sopram com a liderança de Daniel Chapo. “Quem tentar mexer no SUSTENTA vai mexer num verdadeiro vespeiro, e as consequências não serão nada boas”, terá dito, segundo fontes presentes na reunião.

Num tom ainda mais incisivo, o antigo ministro afirmou: “Vou arrastar muita gente.” A ameaça, dirigida a figuras dentro e fora do governo, parece visar tanto membros do parlamento como quadros do partido no poder, a FRELIMO. “Se for preciso, isto vai do governo ao parlamento e até ao partido. Haverá um verdadeiro tsunami”, declarou.

As palavras de Celso Correia surgem num momento em que aumentam os apelos da sociedade civil e de organizações como o Centro para Democracia e Desenvolvimento (CDD) para uma investigação séria ao SUSTENTA — programa que foi extinto recentemente por alegadas práticas de má gestão, favorecimento político e corrupção. Há relatos de salários em atraso, contratos obscuros e desvios de fundos que envolvem consultores ligados ao círculo próximo do ex-ministro.

Até ao momento, nem o governo de Chapo nem o Ministério Público reagiram oficialmente às declarações atribuídas a Celso Correia, mas o clima de tensão entre as alas do poder dentro da FRELIMO parece estar a adensar-se.

Caso o novo executivo avance com auditorias e processos judiciais, o país poderá assistir a um dos mais significativos confrontos políticos da era pós-Nyusi — com potencial para abalar as fundações do actual sistema político.