Ter. Abr 8th, 2025

Há uma longa fila de pacientes por operar no Hospital Central da Beira

Há uma longa lista de doentes à espera para serem operados no Hospital Central da Beira, devido à falta de especialistas à altura para fazer face à procura dos serviços de saúde, dado o aumento constante da população.

A limitação no acesso aos serviços de saúde, na cidade da Beira, tornou-se ainda mais complicada entre Outubro do ano passado e princípios de Março deste ano,devido às manifestações, facto que condicionou a movimentação de medicamentos para outros pontos do país. Para fazer face a estas longas filas de espera, o governo exortou a todos os hospitais centrais para, no âmbito dos primeiros 100 dias do novo ciclo de governação, efetuar cirurgias massivas. Assim, no Hospital Central da Beira, a meta era de 100 doentes a serem operados em 10 dias. Contudo, uma equipa composta por 97 profissionais de saúde operou 317 doentes.Ao nível da ortopedia, foram operados 52 doentes.

“Os doentes que foram operados tinham, maioritariamente, patologias relacionadas com fraturas dos membros inferiores, onde foram feitas osteossínteses dos membros inferiores. Portanto, a osteossíntese é a colocação de ferros nos ossos de modo a estabilizar as fraturas e fazer com que elas se consolidem mais rápido. Estas foram a maior parte das patologias de ortopedia operadas.Na cirurgia geral, foram operados 261 doentes. Na parte da cirurgia geral, nós operamos mais doentes com hérnias inguinais, doentes com hidrocelo, que é o acúmulo de água a nível do escroto, doentes com patologias anorretais, com maior realce para hemorróidas e fístulas perianais, doentes com bócio, doentes com algumas tumorações das mamas”, disse Nelson Mucopo, director do Hospital Central da Beira.

No Hospital Central da Beira, foram registadas, no ano passado, mais de 300 queixas por supostos maus atendimentos e seis por cobranças ilícitas ligadas à cirurgia. “Os valores que nós tínhamos infelizmente estão a ficar corroídos e esta gente que está envolvida nesta corrosão do tecido social também está aqui nos hospitais. São estas pessoas que trazem comportamentos subversivos, que fazem com que se promovam mau atendimento e cobranças ilícitas. Infelizmente, os colegas que nós temos, os profissionais de saúde, vêm também da sociedade. Nós tivemos uma situação em que  um colega, infelizmente, cobrou um doente para ser operado.  O doente nem sequer foi operado pelo facto de ter pago, mas sim por outras situações”, disse o director do Hospital Central da Beira.

Nelson Mucopo explicou ainda que o “acompanhante veio meter a queixa e, neste momento, nós estamos a intentar um processo disciplinar e criminal em face desta situação, para além de outras questões que têm ocorrido.Portanto, é uma situação da sociedade que temos que lutar todos para ver se conseguimos mitigar o problema.”

O Hospital Central da Beira voltou a mostrar preocupação, tal como fez em Dezembro do ano passado, em relação a acidentes de viação envolvendo mototáxis. “Por mais que o Ministério da Saúde consiga prover ao hospital material para apoiar estes doentes,nós continuamos a ter uma grande sobrecarga, uma vez que o número de doentes continua a aumentar.  Não só continua a aumentar, estes tipos de acidentes fazem com que os doentes fiquem muito tempo internados.  Se os doentes ficam muito tempo internados, quer dizer que  estes  consomem muito material médico cirúrgico. Então, é uma situação bastante preocupante.  Estes são doentes que nós recebemos, mas temos a informação de que muitos nem sequer chegam ao hospital, acabam morrendo na via pública, mesmo em face destes acidentes de viação.”

O “O País” ouviu uma paciente que, em Junho do ano passado, sofreu um paciente e que somente semana passada foi operada, no âmbito da campanha massiva de cirurgias. “Já tenho nove meses depois do acidente. Há pessoas que já têm quase um ou dois anos à espera da cirurgia, mas graças a Deus já estão a ser operadas”, disse.

O director do Hospital Central da Beira terminou apelando a um maior empenho das autoridades na fiscalização rodoviária.

O país

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