Descoberta em 2020 sob o Lago Kootenay intriga cientistas, mergulhadores e povos indígenas — será obra humana ancestral, capricho da natureza ou algo ainda mais enigmático?
Texto jornalístico:
Em pleno verão de 2020, durante um voo rotineiro sobre o Lago Kootenay, na Colúmbia Britânica, um piloto local viu-se diante de uma visão insólita: sob as águas serenas e translúcidas do lago, surgia uma formação geométrica impressionante, com cerca de 200 metros de largura, desenhada no leito como uma impressão digital fossilizada no tempo. O padrão, composto por curvas e espirais simétricas, evocava tanto os petróglifos das Primeiras Nações quanto os famosos círculos culturais de pedra europeus — uma imagem tão precisa que rapidamente gerou comoção.
Quando uma equipa de mergulhadores decidiu investigar, o que encontraram desafiou ainda mais a lógica. A estrutura não era esculpida na rocha, mas composta com minúcia a partir de pedras do rio, muitas do tamanho de bolas de futebol, dispostas como se seguissem um plano deliberado. Surpreendentemente, algumas linhas da formação alinham-se com os ângulos solares dos solstícios — mas esse alinhamento só é visível quando o nível da água desce cerca de seis metros, algo que só acontecia antes da construção de uma barragem nos anos 1930, que elevou permanentemente o nível do lago.
As imagens de sonar captadas desde então sugerem que o que está visível pode ser apenas parte de um complexo maior, ainda enterrado sob camadas de lodo e décadas de sedimentos lacustres. A hipótese de um calendário astronómico antigo ou de um local cerimonial submerso começou a ganhar tração.
No entanto, o enigma permanece sem dono. A Nação Ktunaxa, que habita a região há milénios, fala de espíritos aquáticos que moldam a terra, mas até agora nenhuma tradição oral conhecida refere qualquer desenho semelhante nas águas de Kootenay. A ausência de explicações culturais imediatas lançou ainda mais mistério sobre a origem da estrutura.
A comunidade científica encontra-se dividida. Alguns investigadores apontam para padrões deixados por glaciares recuados e actividades naturais raras mas possíveis. Outros, mais ousados, falam de civilizações pré-contato que teriam deixado mensagens simbólicas ou rituais na própria crosta terrestre, antecipando a linguagem moderna através da pedra.
Enquanto teorias se multiplicam — desde geologia artística a inteligência ancestral — uma certeza permanece: as chamadas “Linhas Nazca do Norte” estão a emergir como um dos maiores enigmas arqueológicos do Canadá moderno. Ocultas durante quase um século e agora reveladas graças à conjunção rara de condições ambientais, estas linhas parecem aguardar serenamente por quem as consiga ler — do céu, das águas ou do passado. Muito Estranho