
Máquinas inovadoras permitem conversão instantânea de joias em dinheiro vivo através de processo de derretimento em alta temperatura
Shanghai — A China acaba de revolucionar o mercado de metais preciosos com o lançamento de caixas eletrônicos capazes de derreter ouro e depositar o valor correspondente diretamente na conta bancária dos usuários. A inovação, que rapidamente se tornou viral nas redes sociais chinesas, representa uma fusão única entre um dos ativos mais tradicionais da humanidade e a tecnologia financeira moderna.
As máquinas, operadas pelo Kinghood Group de Shenzhen, foram apresentadas ao público no shopping Global Harbour, em Shanghai, em abril de 2024. O timing do lançamento não poderia ser mais estratégico: os preços do ouro na China haviam ultrapassado a marca de mil yuans por grama, o equivalente a cerca de 750 reais, estabelecendo recordes históricos.
O funcionamento do equipamento impressiona pela simplicidade e eficiência. Os usuários depositam joias ou objetos de ouro com peso mínimo de três gramas e pureza de pelo menos 50%. A máquina então realiza uma análise completa do material através de um processo de derretimento em temperaturas superiores a mil graus Celsius, determinando com precisão o peso e a pureza do metal.
Uma vez concluída a avaliação, o valor aparece na tela para aprovação do cliente. Ao aceitar a oferta, o sistema executa uma transferência bancária automática. Em até 30 minutos, o dinheiro está disponível na conta do usuário, eliminando a necessidade de visitas a casas de câmbio ou joalheiras tradicionais.
A resposta do público tem sido expressiva. Filas se formam regularmente diante das máquinas, especialmente de pessoas mais velhas que enxergaram uma oportunidade de liquidar joias herdadas de família. O processo oferece não apenas rapidez, mas também transparência em uma transação que tradicionalmente envolvia negociações demoradas e certa dose de desconfiança.
O sucesso inicial motivou planos ambiciosos de expansão. O Kinghood Group já instalou equipamentos em 40 cidades chinesas e pretende ampliar significativamente sua presença. Apenas em Shanghai, a meta é chegar a mais de cem máquinas operando simultaneamente. Outras grandes metrópoles como Pequim, Guangzhou e Hong Kong também estão na rota de expansão.
O fenômeno ilustra uma tendência mais ampla na China de combinar inovação tecnológica com práticas financeiras tradicionais. Enquanto o país avança rapidamente em direção a uma economia digital, com sistemas de pagamento por aplicativo dominando o cotidiano, o ouro permanece como um símbolo cultural de poupança e segurança financeira para milhões de chineses.
A iniciativa também reflete a volatilidade e o dinamismo do mercado de ouro global. Com os preços em patamares elevados, impulsionados por incertezas econômicas e tensões geopolíticas, a capacidade de converter rapidamente ouro físico em liquidez representa uma vantagem significativa para investidores e cidadãos comuns.
Resta saber se outras nações asiáticas, ou mesmo mercados ocidentais, seguirão o exemplo chinês. Por enquanto, as máquinas de derretimento de ouro permanecem como mais uma demonstração da capacidade chinesa de reimaginar serviços financeiros tradicionais através da lente da inovação tecnológica.
