A escalada de hostilidades entre o Irão e Israel atingiu novos patamares nas últimas semanas, com ameaças mútuas envolvendo armamento nuclear a alarmar a comunidade internacional. Analistas temem que um conflito dessa natureza ultrapasse rapidamente os limites geográficos do Médio Oriente, provocando consequências devastadoras a nível mundial.

Vários países têm apelado à contenção, enquanto diplomatas correm contra o tempo para evitar um cenário sem precedentes no século XXI: o uso de armas nucleares em confronto directo entre dois Estados. Para além da destruição imediata nas áreas atingidas, as implicações de uma guerra nuclear vão muito além do campo de batalha.

A comunidade científica alerta para o risco de um inverno nuclear — fenómeno em que grandes quantidades de fumo e poeira lançadas para a atmosfera bloqueariam a luz solar, provocando o arrefecimento global e comprometendo a produção agrícola em várias partes do mundo.

Neste cenário, Moçambique não ficaria imune. Embora esteja a mais de 4.000 quilómetros da região em conflito e fora do alcance directo das explosões, os efeitos indiretos poderiam ser profundamente sentidos a nível nacional.

“Estar longe do epicentro não significa estar seguro. As cadeias de abastecimento globais seriam afectadas, os preços dos combustíveis disparariam e a segurança alimentar tornaria-se ainda mais frágil”, alerta o economista moçambicano Ernesto Manjate.

O país, com uma economia vulnerável e dependente de importações essenciais, poderia sofrer um aumento acentuado no custo de vida, particularmente nos sectores dos transportes, da energia e dos bens alimentares. A agricultura nacional, já pressionada por eventos climáticos extremos, enfrentaria novos desafios caso as alterações atmosféricas globais se confirmem.

A ameaça de um conflito nuclear entre Irão e Israel não é, por isso, apenas um problema distante. É um lembrete da fragilidade do equilíbrio mundial e da interdependência entre nações num tempo em que os ventos da guerra já não respeitam fronteiras.