O Governo do Ruanda intensificou, neste ano, os esforços de capacitação das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), através de programas de treino militar especializados no combate ao terrorismo. A formação, realizada no contexto da cooperação bilateral entre os dois países, visa reforçar a resposta das autoridades moçambicanas à insurgência armada que afeta a província de Cabo Delgado desde 2017.
Recentemente, cerca de 150 militares moçambicanos concluíram um curso avançado de infantaria ministrado pelas Forças de Defesa do Ruanda (RDF), que incluiu treino em operações antiterrorismo, combate urbano, técnicas de resgate de reféns e resposta a ameaças assimétricas. Segundo fontes oficiais, o grupo formado deverá agora replicar os conhecimentos adquiridos, assumindo o papel de instrutores em futuras formações no seio das FADM.
“O objectivo é garantir uma força nacional mais preparada e autossuficiente para enfrentar os desafios do terrorismo, sem depender exclusivamente de apoios externos”, explicou um responsável militar moçambicano citado pela imprensa local.
A iniciativa surge num momento em que o Ruanda continua a reforçar a sua presença em Cabo Delgado. Em janeiro deste ano, um novo contingente de militares e agentes da polícia ruandeses foi mobilizado para a região, numa operação de rotatividade das forças destacadas desde 2021. A presença ruandesa tem sido determinante na recuperação de zonas anteriormente controladas por insurgentes, incluindo Mocímboa da Praia e Palma.
O apoio do Ruanda insere-se num quadro mais alargado de cooperação regional e internacional. A União Europeia, por exemplo, aprovou recentemente um financiamento adicional de 20 milhões de euros para apoiar a presença das forças ruandesas em território moçambicano.
A ofensiva militar tem permitido melhorias significativas na segurança de algumas áreas-chave de Cabo Delgado, viabilizando o regresso gradual das populações deslocadas e a retoma de investimentos estratégicos, como o megaprojecto de gás natural liderado pela TotalEnergies.
O Governo moçambicano tem reiterado que o combate ao terrorismo exige não apenas uma resposta militar, mas também medidas de desenvolvimento, diálogo comunitário e reforço da presença do Estado nas zonas afetadas.
A parceria com o Ruanda representa, segundo analistas, um exemplo de cooperação africana eficaz no domínio da segurança e um contributo decisivo para a estabilização da região norte do país.