
Uma avalanche de proporções catastróficas atingiu a pacata aldeia alpina de Blatten, no cantão de Valais, Suíça, após o colapso de uma secção da geleira Birch na passada quinta-feira. Uma massa gigantesca de gelo, rocha e lama desceu pela encosta, soterrando cerca de 90% da localidade. O incidente, associado ao degelo acelerado provocado pelas alterações climáticas, transformou completamente a paisagem da região.
As autoridades suíças confirmaram que a população de aproximadamente 300 habitantes havia sido evacuada previamente, devido a sinais de instabilidade na geleira. Esta medida preventiva terá evitado uma tragédia humana de grandes dimensões. No entanto, um homem de 64 anos permanece desaparecido. As operações de busca foram entretanto suspensas, devido ao risco contínuo de novos deslizamentos e queda de detritos.
A força do deslizamento bloqueou parcialmente o leito do rio Lonza, formando um lago crescente cuja pressão ameaça provocar novas inundações. Equipas de emergência, incluindo o exército suíço, estão mobilizadas na zona para monitorizar o risco e apoiar os residentes deslocados.
“Perdi tudo”, relatou uma habitante à agência Reuters. “A minha casa, as memórias, os meus animais. Só me resta agradecer por estarmos vivos.”
As causas do colapso da geleira estão a ser estudadas por geólogos e especialistas em clima, mas a degradação do permafrost e o derretimento acentuado das geleiras nos Alpes, agravados pelas alterações climáticas, são apontados como fatores determinantes. A Suíça perdeu cerca de 10% do volume total das suas geleiras apenas nos últimos dois anos, segundo dados oficiais.
A presidente suíça, Karin Keller-Sutter, expressou solidariedade com as vítimas e anunciou uma visita à região afetada, onde avaliará os danos e coordenará os esforços de reconstrução.
Este desastre sublinha a vulnerabilidade crescente das comunidades alpinas diante das alterações climáticas e reacende o debate sobre medidas de adaptação e proteção das zonas de montanha.