O Governo moçambicano está sob crescente pressão após a confirmação de atrasos nos pagamentos às tropas ruandesas destacadas na província de Cabo Delgado, segundo o Africa Intelligence. O contingente militar, essencial para a proteção das infraestruturas de gás natural, pode estar em risco — o que tem gerado inquietação entre os principais investidores internacionais.
Desde 2021, as Forças de Defesa do Ruanda (RDF) têm desempenhado um papel central nas operações de contra-insurgência no norte de Moçambique, sobretudo nas zonas que circundam os grandes projectos de gás natural liquefeito (GNL). A presença das tropas ruandesas tem sido amplamente reconhecida como determinante para o regresso parcial da estabilidade em áreas anteriormente controladas por grupos extremistas.
Contudo, a MND News apurou que Moçambique não tem cumprido com as suas obrigações financeiras junto de Kigali nos últimos meses, suscitando preocupações junto dos atores do setor energético. Fontes da indústria indicam que a TotalEnergies e a ExxonMobil, principais investidores na região, estão em diálogo discreto com as autoridades moçambicanas para evitar qualquer interrupção no apoio militar.
“Não se trata apenas de uma dívida em atraso; está em causa a credibilidade de Moçambique como parceiro fiável para investimentos de grande escala”, afirmou um analista de segurança regional. “O risco não é apenas de segurança — é também reputacional.”
Com milhares de milhões de dólares em jogo e os primeiros carregamentos de GNL previstos para os próximos anos, qualquer ameaça à continuidade das operações poderá comprometer os planos de recuperação económica do país. Até ao momento, o Governo moçambicano não se pronunciou oficialmente sobre os atrasos nos pagamentos nem sobre o estado atual do acordo com o Ruanda.
À medida que a situação se desenrola, tanto os investidores como as comunidades locais receiam que uma eventual redução da presença das RDF possa abrir um perigoso vazio — anulando os progressos alcançados no combate aos grupos insurgentes.