Uma violenta colisão entre uma ambulância e um camião de carga causou momentos de caos na manhã desta segunda-feira, na Estrada Nacional Número Quatro (EN4), no distrito da Maomba. O acidente provocou um cenário de desordem, com parte da carga do camião espalhada pela via pública — rapidamente saqueada por populares que ignoraram os feridos e a gravidade da situação.
Segundo testemunhas no local, o embate ocorreu numa zona de tráfego intenso. A ambulância, alegadamente em serviço de emergência, seguia em velocidade acelerada quando embateu lateralmente no camião, que manobrava para ultrapassar outro veículo pesado. O impacto foi suficientemente violento para projetar destroços à distância e bloquear parcialmente a estrada.
No rescaldo da colisão, populares acorreram ao local não para prestar auxílio, mas para se apropriar da carga do camião, cujo conteúdo se encontrava disperso no asfalto. Vídeos captados por transeuntes mostram dezenas de pessoas a carregar sacos e caixas, perante a impotência das autoridades, que chegaram apenas depois de iniciado o saque.
A situação agravou-se com a confirmação, momentos mais tarde, de que uma cidadã que seguia na ambulância perdeu a vida devido à violência do impacto. Outros ocupantes ficaram feridos e foram transportados a unidades hospitalares próximas. As autoridades não divulgaram, até ao momento, o número exato de feridos nem o estado clínico dos mesmos.
Este incidente dramático levanta preocupações sérias não apenas sobre a segurança rodoviária na EN4, uma das mais movimentadas do país, mas também sobre a crescente normalização de comportamentos oportunistas em situações de tragédia. A polícia já iniciou diligências para apurar responsabilidades tanto no acidente como no saque, que poderá configurar crime.
A EN4 permanece um ponto crítico em termos de sinistralidade e resposta cívica. Num país onde a emergência muitas vezes encontra despreparo logístico e falta de solidariedade, episódios como este não são apenas acidentes — são retratos de um sistema em falência ética e institucional.