Maputo, Julho de 2025 — A viúva do falecido advogado moçambicano Elvino Dias fez um apelo público comovente, anunciando que abdica de qualquer valor monetário a que teria direito, pedindo em contrapartida o apoio de instituições e da sociedade para criar uma fundação em nome do marido, que imortalize os seus ideais de justiça social e apoio aos mais necessitados.
Elvino Dias foi amplamente reconhecido pela sua dedicação em prestar assistência jurídica gratuita a pessoas sem recursos. O seu escritório, localizado no bairro da Sommerschield, em Maputo, tornou-se um verdadeiro refúgio para os que buscavam justiça e não tinham meios para a obter.
“Nós precisamos muito desse dinheiro, mas se for usado para continuar com os ideais de Elvino Dias através da criação de uma Fundação será muito bom. Não sou advogada, sou professora. Dói-me ver fechado o escritório, que ajudava muitos necessitados”, declarou a viúva, visivelmente emocionada.
Um assassinato que abalou o país
Elvino Dias foi assassinado a tiro em maio de 2024, em frente ao próprio escritório, em plena luz do dia. O crime chocou o país e desencadeou uma onda de indignação. Até hoje, as circunstâncias do homicídio continuam por esclarecer, alimentando suspeitas de que possa ter sido um atentado com motivações profissionais ou políticas, dado o envolvimento do advogado em casos delicados e a sua postura crítica contra figuras influentes.
A sociedade civil, colegas de profissão e organizações de direitos humanos continuam a exigir uma investigação transparente e imparcial, pedindo justiça para um homem que, em vida, a promoveu incansavelmente.
Um legado a preservar
O desejo da viúva é claro: transformar a dor da perda em uma causa viva, criando uma Fundação Elvino Dias que ofereça apoio jurídico a cidadãos vulneráveis, tal como ele fazia. O apelo encontra eco entre várias vozes da sociedade, que reconhecem a urgência de preservar o espírito solidário e combativo de um dos advogados mais admirados do país.
O encerramento do seu escritório representa, para muitos, o fecho simbólico de um espaço de esperança. A viúva, agora sozinha, afirma não ter formação jurídica, mas sente-se no dever moral de continuar a missão do marido com o apoio da comunidade. MozToday/CanalMoz
