Polokwane, África do Sul – Um homem que se apresentava como professor de Matemática e Inglês numa escola primária da província de Limpopo foi brutalmente agredido por alunos do 7.º ano depois de se descobrir que nenhum dos seus alunos passou em qualquer prova ou exame durante todo o ano letivo.
A agressão ocorreu esta semana quando os resultados finais foram divulgados e ficou claro que todos os alunos da turma terão de repetir o 7.º ano. Fontes da comunidade escolar revelam que o homem nunca concluiu o ensino secundário (matric) e não possui qualquer qualificação pedagógica.
Apesar da total ausência de resultados, o suposto professor recebeu, só em 2025, mais de 228 321 rands (cerca de 12 800 dólares) de salário pago pelo Departamento de Educação de Limpopo.
Testemunhas contam que o homem impunha uma rotina extenuante aos alunos: eram obrigados a chegar à escola às 04h30 para “aulas de reforço” antes do início oficial das aulas às 07h30. Ao fim do dia letivo, às 14h30, tinham de ficar até às 19h30 para mais sessões de estudo. Mesmo com mais de 15 horas diárias de contacto com o “ensino”, nenhum aluno conseguiu aprovação em Matemática ou Inglês nos quatro períodos avaliativos do ano.
“Chegavam a casa depois das oito da noite, exaustos, e no dia seguinte às quatro da manhã já estavam na escola outra vez. E para quê? Zero aprovações”, desabafou uma mãe à imprensa local.
A direção da escola só tomou conhecimento da falta de qualificações do homem quando os pais, revoltados com a reprovação coletiva, exigiram ver os certificados do professor. Até então, ele havia sido contratado através de um programa temporário do governo provincial para suprir a falta de docentes.
O Departamento de Educação de Limpopo confirmou que abriu inquérito interno e suspendeu imediatamente o pagamento ao indivíduo. A polícia registou um processo por agressão grave contra os alunos envolvidos no espancamento; o homem foi internado com múltiplas fraturas e traumatismo craniano.
A África do Sul tem enfrentado há anos uma crise de professores não qualificados em zonas rurais, mas casos de alguém sem matric ensinar durante um ano inteiro sem qualquer aprovação são raros e chocaram o país.
A província prometeu auditoria a todos os contratados temporários e apoio psicológico aos alunos que terão de repetir o ano. AJSA
