Governo moçambicano desmente informações falsas sobre o país na plataforma booking.com

Uma controvérsia sobre a imagem turística internacional de Moçambique emergiu após a plataforma de reservas Booking.com ter classificado o país como zona de risco de conflito, levando o Ministério da Economia a emitir um comunicado oficial contestando estas informações como “falsas e desabonatórias”.

O Poder das Plataformas Digitais no Turismo
A Booking.com, uma das maiores agências de viagem online do mundo, tem uma influência significativa nas decisões de viagem globais. Com sede em Amsterdã e pertencente ao grupo Booking Holdings, a plataforma oferece serviços de reserva para aproximadamente 3,4 milhões de propriedades em mais de 220 países e territórios, operando em mais de 40 idiomas.

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Fundada em 1996 como Bookings.nl, a plataforma evoluiu para se tornar uma das principais referências mundiais no sector do turismo digital. A primeira reserva foi feita em fevereiro de 1997, e desde então a empresa estabeleceu-se como intermediário crucial entre viajantes e prestadores de serviços de alojamento.

A classificação de risco atribuída por plataformas como a Booking.com pode ter impactos económicos substanciais nos destinos turísticos, influenciando milhões de potenciais visitantes nas suas decisões de viagem.

A Controvérsia e a Resposta Governamental
O comunicado oficial, divulgado em articulação com o sector privado, visa esclarecer o público nacional e internacional sobre o que o governo considera ser uma campanha de desinformação contra a imagem do país.

Segundo o Ministério da Economia, as informações veiculadas pela plataforma Booking.com “não correspondem à realidade” e são de “suspeita intenção” relativamente aos projetos de promoção da imagem de Moçambique. O governo alega que existe um “perímetro de insegurança” que afeta apenas algumas zonas restritas, particularmente no Centro e Distrito da Província de Cabo Delgado.

O comunicado oficial sublinha que “o território nacional do país tal como informam e divulgam muitas outras plataformas globais de reservas, está aberto ao turismo, ao comércio e à circulação normal de pessoas, bens e serviços.”

Potencial Turístico Nacional
O documento governamental destaca os principais destinos turísticos moçambicanos de referência internacional, nomeadamente Pemba, Niassa, Ilha de Moçambique, Parque Nacional da Gorongosa, Vilankulo, Tofo, Barra, Inhambane, Maputo e Ponta do Ouro.

Estas zonas, segundo o governo, “encontram-se plenamente operacionais, seguros, disponíveis e aptos a receber visitantes”, reforçando que Moçambique é reconhecido internacionalmente como “um destino turístico de excelência, com praias, reservas naturais, património cultural e hospitalidade que atraem milhares de visitantes anualmente.”

Medidas Tomadas
O Ministério da Economia informa que já notificou formalmente a Booking.com sobre o que considera ser “repúdio” pela remoção do “comentário falso e não abonatório” da plataforma, procurando salvaguardar a imagem do país e os interesses dos operadores turísticos nacionais.

Posição Governamental
O comunicado conclui reiterando que “Moçambique continua aberto ao turismo e ao comércio internacional e mantém o seu compromisso em garantir segurança, qualidade e hospitalidade a todos os visitantes.”

Implicações Económicas e Diplomáticas
O caso ilustra os novos desafios enfrentados pelos países na era digital, onde plataformas tecnológicas globais podem influenciar significativamente a perceção internacional e ter impactos económicos diretos. Para Moçambique, cujo turismo representa uma fonte importante de divisas, classificações negativas podem afetar substancialmente as receitas do sector.

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A controvérsia também levanta questões sobre a responsabilidade das plataformas digitais na avaliação de riscos e o equilíbrio entre informação de segurança para viajantes e impactos económicos nos destinos. Enquanto os viajantes têm direito a informação precisa sobre segurança, os países argumentam que avaliações demasiado amplas podem ser injustas e prejudiciais.

Esta situação demonstra como a gestão da imagem nacional se tornou mais complexa na era digital, exigindo dos governos novas estratégias de comunicação e diplomacia digital para proteger interesses económicos vitais como o turismo.

Contextualização da Situação de Segurança
A disputa surge num contexto complexo da realidade securitária moçambicana. Moçambique enfrenta efetivamente desafios de segurança, particularmente na província nortenha de Cabo Delgado, onde grupos insurgentes têm perpetrado ataques desde 2017, afetando comunidades locais e projetos de gás natural.

O próprio governo reconhece no comunicado que existe “um perímetro de insegurança que ocorre algumas vezes, restringindo apenas a parte de um Centro e Distrito da Província de Cabo Delgado”, mas argumenta que esta situação localizada não justifica uma classificação de risco para todo o território nacional.

Esta realidade cria um dilema para as autoridades moçambicanas: como equilibrar a transparência sobre desafios reais de segurança com a necessidade de preservar a imagem turística do país e proteger um sector económico vital.

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