
O Fundo de Desenvolvimento Económico Local (FDEL), criado pelo Governo de Moçambique para financiar iniciativas produtivas e apoiar jovens e mulheres empreendedores, está a gerar confusão e descontentamento em várias regiões do país. Cidadãos de diferentes distritos denunciam falta de clareza nos procedimentos, ausência de informação oficial e alegações de cobranças indevidas durante o processo de candidatura.
Na cidade de Nampula, os proponentes afirmam não saber onde nem quando submeter os projectos.
“Os próprios responsáveis dos sectores não sabem explicar. Uns dizem que é no Município, outros nas localidades, e ninguém sabe os prazos”, desabafou um morador. Em Rapale, há quem diga que as candidaturas terminam a 11 de Outubro, sem que tenha havido aviso prévio nem formulários acessíveis.
Outros cidadãos sugerem que o processo deveria ser mais transparente, com templates disponíveis em formato Word, para facilitar o preenchimento dos projectos.
“Tens de dividir o dinheiro com os chefes”
Na mesma província, um residente contou que foi desencorajado após tentar submeter um projecto.
“Disseram-me que, se pedisse um certo valor, teria de dividir 60% com os chefes. Perdi vontade. Venceram-me pelo cansaço”, relatou.
Casos semelhantes foram reportados em Funhalouro, onde alguns candidatos alegam ter sido cobrados entre 66 e 100 meticais para obter fichas ou entregar documentos, valores que não constam de nenhuma tabela oficial.
Falta de informação e desorganização
Na Matola, um morador do bairro de Muhalaze contou que o próprio secretário do bairro o mandou regressar duas vezes, por não ter informações claras sobre os requisitos. “Na minha óptica, é mais uma Dívida Oculta. Poucos vão beneficiar”, lamentou.
Já em Maputo, um representante do Bairro dos Jovens, no Xipamanine, afirmou ter tentado entregar uma carta à administradora do distrito do Lhamankulo, mas encontrou informações contraditórias.
“Na recepção disseram que o processo já começou, mas no andar de cima disseram que ainda não. Pedi que recebessem a carta e registei tudo. Quero ver onde isto vai dar”, explicou.
Falta de coordenação pode comprometer objectivos
O FDEL foi lançado oficialmente em Agosto de 2025 como um mecanismo de financiamento local destinado a impulsionar a produção e o emprego nos distritos.
Contudo, as denúncias levantam dúvidas sobre a gestão, a supervisão e a transparência do processo de implementação.
Até ao momento, não há um portal unificado para candidaturas nem prazos nacionais claros — cada distrito parece estar a aplicar procedimentos próprios, muitas vezes sem orientação do governo central.
Governo instado a esclarecer
Os denunciantes defendem que o Governo deve publicar urgentemente um guia nacional de candidatura, com prazos, requisitos e canais oficiais para evitar abusos e interpretações locais.
Enquanto isso, cidadãos prometem continuar a denunciar irregularidades e guardar provas documentais de todas as tentativas de participação, para garantir que o fundo beneficie realmente quem dele precisa.
___________
Crime macabro em Quelimane: mulher assassinada pelo namorado à entrada de casa
Mistério e medo cercam a herança do milionário zimbabueano Ginimbi
Conselhos municipais bloqueiam marchas da ANAMOLA alegando sobreposição de eventos da FRELIMO
Falta de vontade? Governo moçambicano desconhece órgão criado por si mesmo
Residência presencial do Malawi em ruínas após transição de poder










