A Associação dos Ex-Mineiros de Moçambique (APDD) voltou a erguer a sua voz, exigindo justiça e compensações pelos sacrifícios feitos durante décadas de trabalho nas minas da África do Sul.
Segundo a organização, muitos destes homens regressaram ao país com graves problemas de saúde, incluindo doenças incapacitantes e mutilações físicas. Apesar das promessas, nunca foram criados hospitais especializados para o seu acompanhamento médico.
A APDD denuncia ainda que, durante vários anos, parte dos descontos salariais dos mineiros foi usada para financiar o TSU (Tabela Salarial Única) aplicado aos funcionários moçambicanos. Após o escândalo vir a público, os cortes cessaram, mas a compensação nunca chegou às mãos dos trabalhadores.
“Chegaram a oferecer tratores, mas como é que 10 pessoas partilham um único trator? Muitos já nem sequer têm condições físicas para trabalhos pesados. Muitos morreram sem ver justiça. Hoje, viúvas e órfãos também pedem apoio”, afirmou um representante da associação.
Na última reunião, realizada em Quelimane, os ex-mineiros exigiram que cada associado receba uma compensação mensal de 80 mil meticais, por tempo indeterminado, tendo em conta que muitos começaram a trabalhar nas minas com apenas 18 anos e descontaram durante mais de 25 anos.
O encontro esteve inicialmente marcado para o campo de Chirangano, mas os proprietários impediram a realização, alegadamente para ceder espaço a um campeonato infantil apoiado por figuras ligadas à FRELIMO. A reunião acabou por ter lugar na residência de um dos proprietários.
Durante os trabalhos, foram levantadas acusações de que fundos enviados da África do Sul para Moçambique com destino ao pagamento dos ex-mineiros continuam a ser bloqueados por “forças ocultas”, sem nunca chegar às mãos dos beneficiários.
A APDD garante que o dossiê já foi submetido ao Presidente da República, Daniel Chapo, e à Ministra do Trabalho, com o apelo de uma solução definitiva.
“Não pedimos esmolas. Queremos justiça pelo sangue, suor e vida deixados nas minas”, concluiu um dos porta-vozes.
Artigos relacionados
TA reporta “desvio” de 33 milhões de USD das receitas do Gás do Rovuma
Governo e TA se contradizem sobre o paradeiro de 165 milhões de dólares
Onde estão os USD 165 milhões do gás? Cidadãos moçambicanos cobram transparência do governo
Onde estão os USD 165 milhões do gás? Cidadãos moçambicanos cobram transparência do governo
LAM sob ataque interno: PCA dos CFM denuncia sabotagem e fuga de informação
Enquanto o povo morre a fome e os funcionários públicos com falta de salários extras governo gasta 44 milhões para casas de cães
LAM faz hoje 45 anos: já não voa, partiu todas as asas dos seus aviões
Oito milhões de meticais “desaparecem” da Rádio Moçambique em negócio fraudulento
Celso Correia ameaça e desafia quem investigar o SUSTENTA: “Nem se for o governo ou o partido”
Celso Correia deixa extensionistas do Sustenta à espera de salários