Mais de 100 trabalhadores ficam à deriva após extinção do Ministério do Mar, Águas Interiores e Pescas

Beira — Um clima de incerteza e apreensão domina a Delegação da Administração Marítima em Sofala, depois da extinção do Ministério do Mar, Águas Interiores e Pescas (MIMAIP), determinada pelo Decreto Presidencial n.º 01/2025, de 16 de janeiro. Mais de 100 trabalhadores encontram-se, neste momento, sem clareza quanto ao seu futuro profissional, situação que está a gerar profundo descontentamento entre os funcionários.

MozToday/Focos TV

De acordo com fontes próximas da instituição, a maioria dos trabalhadores continua a comparecer diariamente ao serviço, mas sem diretrizes claras nem enquadramento formal no novo organograma do Governo, que redistribuiu as competências do extinto MIMAIP para o recém-criado Ministério da Agricultura, Ambiente e Pescas.

“Estamos a vir trabalhar por responsabilidade, mas ninguém nos diz quem é o nosso chefe ou qual é o nosso ministério agora. Os salários atrasam e há muito silêncio”, contou um técnico civilizado

O descontentamento é geral. Muitos funcionários afirmam sentir-se “abandonados”, receando que a falta de informação oficial possa resultar na perda dos seus empregos. A incerteza também afeta serviços essenciais ligados à fiscalização marítima, segurança portuária e licenciamento de embarcações, áreas que dependiam da administração agora sem liderança clara.

“Não se trata apenas dos nossos empregos. É toda a actividade marítima que está paralisada. Sem direcção, não há quem autorize operações nem quem garanta segurança”, alertou outro funcionário.

A nível central, o Governo ainda não se pronunciou oficialmente sobre o enquadramento dos trabalhadores das antigas delegações provinciais do MIMAIP. Enquanto isso, os funcionários em Sofala pedem uma intervenção urgente para que os seus direitos laborais sejam salvaguardados e para que o sector marítimo não fique comprometido.

A situação evidencia as dificuldades práticas na implementação da recente reforma governamental, que reduziu o número de ministérios, mas deixou lacunas operacionais em vários sectores estratégicos, incluindo o marítimo e pesqueiro.

“Esperamos apenas que o Governo não nos esqueça. Demos anos de serviço à nação e não merecemos ficar à deriva”, concluiu uma das funcionárias mais antigas da Administração Marítima de Sofala.

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