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Partido Anamola em Crise: Candidato Contesta Eleições Internas no Tribunal de Maganja da Costa

Eduardo Ricardo Sulval Bicicleta move ação judicial contra coordenadores partidários por alegadas irregularidades no processo eleitoral

Maganja da Costa, 13 de novembro de 2025 – O militante do Partido Anamola, Eduardo Ricardo Sulval Bicicleta, submeteu uma providência cautelar ao Tribunal Judicial do Distrito de Maganja da Costa, contestando o processo de eleições internas para escolha de coordenadores distritais e provinciais, previstas para 15 de novembro.

Na petição dirigida ao tribunal, Bicicleta, que é candidato a coordenador distrital, acusa Joel Zacarias Mediante, coordenador interino do distrito, e Martha Nsal Manuel João, coordenadora provincial na Zambézia, de violações graves aos estatutos do partido, ao regulamento eleitoral e à Constituição da República de Moçambique.

Cronologia das Alegadas Irregularidades
Segundo o documento apresentado ao tribunal, as irregularidades teriam começado em setembro de 2025, quando o Conselho Nacional do Partido Anamola aprovou os estatutos e o regulamento eleitoral na cidade da Beira, província de Sofala.

Entre as principais acusações, Bicicleta alega que:
– O coordenador interino distrital impediu e proibiu o Diretor do Gabinete Eleitoral de recensear membros com direito a voto em bairros autárquicos, bem como a coordenação de comunicação e imagem do distrito e a coordenação da localidade de Moneia e Nante Sede;
– Não foi constituída a Comissão Supervisora do processo eleitoral a nível distrital, levando membros insatisfeitos a escrever uma carta de protesto ao coordenador provincial;
– A coordenadora provincial enviou um “relatório falso” ao conselho executivo nacional, alegando que o recenseamento eleitoral estava a decorrer normalmente, quando na realidade havia irregularidades;
– Martha Nsal Manuel João terá enviado uma carta ao conselho executivo nacional alegando que alguns distritos recusavam ter mais de dois candidatos, o que o peticionário classifica como tentativa de “excluir potenciais candidatos”;
– A Comissão Eleitoral da Mesa ainda não foi constituída, e a coordenadora provincial terá nomeado pessoas da sua confiança para supervisão da eleição.

Conflitos em Múltiplos Distritos
O documento revela que as irregularidades não se limitam ao distrito de Maganja da Costa, estendendo-se a outras localidades da província da Zambézia, incluindo Mucubela, Pebane, Gile, Gurué, Murrumbala, Molevala, Lugela, Chinde, Mopeia, Dere e Namacurra.

O peticionário alega ainda que oito distritos ficaram sem conflitos nomeadamente Mulumbo, Namarroi, Inhassunge, Luabo, Ilé, Alto Molocue e Milange, evidenciando que existe “um conflito de interesse na eleição dos coordenadores”.

Pedidos ao Tribunal
Na sua petição, Eduardo Ricardo Sulval Bicicleta solicita ao tribunal que:
1. Declare nulo todo o recenseamento eleitoral feito pelo coordenador interino distrital Joel Zacarias Mediante, bem como todo o processo interferido pela coordenadora provincial Martha Nsal Manuel João em todos os distritos onde se realizarão eleições no dia 15 de novembro;
2. Impeça a realização das eleições no dia 15 de novembro de 2025, mantendo a data de 13 de dezembro conforme os membros pediram ao diretor do Gabinete Eleitoral Provincial;
3. Sejam recenseados os membros com direito a voto em áreas municipais (postos administrativos municipais e bairros), conforme manda o regulamento;
4. Suspenda o cargo do coordenador distrital e da coordenadora provincial por demonstrarem conflito de interesses;
5. Constitua uma comissão de trabalho neutra, provincial e distrital, para garantir a realização da eleição sem interferências.

Contexto Político
O caso expõe tensões internas no Partido Anamola na província da Zambézia, numa altura em que o partido procura renovar as suas estruturas através de eleições internas. As acusações de falta de transparência e manipulação do processo eleitoral levantam questões sobre a democracia interna do partido.

Até ao fecho desta edição, não foi possível obter comentários dos visados, Joel Zacarias Mediante e Martha Nsal Manuel João. O Tribunal Judicial do Distrito de Maganja da Costa deverá pronunciar-se sobre o caso nos próximos dias, sendo que a decisão poderá ter impacto significativo nas eleições internas do partido agendadas para 15 de novembro.

O caso sublinha os desafios que os partidos políticos moçambicanos enfrentam na condução de processos eleitorais internos transparentes e inclusivos, fundamentais para o fortalecimento da democracia interna partidária.

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