
O partido político ANAMOLA anunciou que vai submeter, nas próximas horas, uma petição à Assembleia Municipal de Maputo a solicitar a retirada da Chave da Cidade, atribuída em 2024, ao então Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló.
De acordo com a organização, a distinção concedida no ano passado perdeu legitimidade à luz dos recentes acontecimentos políticos na Guiné-Bissau, onde Embaló é acusado de desrespeitar valores democráticos, incluindo irregularidades no processo eleitoral e conflitos institucionais que culminaram na sua deposição pelas forças armadas.
A ANAMOLA defende que a Chave da Cidade deve ser reservada a figuras que representem integridade, respeito constitucional e compromisso com a democracia, princípios que, segundo sustenta, não foram observados por Embaló durante o último ciclo político.
O partido considera que o município deve “corrigir a homenagem” e alinhar-se com os valores que proclama defender. A atribuição feita em 2024 já havia gerado controvérsia entre partidos da oposição municipal, que questionaram a pertinência da distinção.
Até ao momento, o Conselho Municipal de Maputo e a Assembleia Municipal não reagiram à intenção da ANAMOLA.
A Chave da Cidade é uma condecoração protocolar concedida a figuras de relevância internacional, significando abertura, amizade e respeito entre o município e o homenageado. Não confere qualquer poder real, mas representa um símbolo de confiança e apreço.
Contudo, tal como é atribuída, pode também ser retirada. Neste contexto, a revogação da chave traduziria uma reprovação formal da conduta do distinguido, sinalizando que o município já não considera o agraciado alinhado com os valores que justificaram a homenagem inicial.
A proposta submetida pela ANAMOLA surge precisamente neste quadro: a organização entende que o comportamento político de Umaro Sissoco Embaló — particularmente no que descreve como desrespeito pelos princípios democráticos na Guiné-Bissau — torna incompatível a manutenção da honra concedida pelo município de Maputo.
Caso avance, a decisão terá carácter simbólico, mas carregado de significado político, representando uma tomada de posição pública do governo municipal perante acontecimentos internos de um país irmão da lusofonia.
