
China descobre 20 novos vírus — dois são mortais: provocam inflamação cerebral grave e doenças respiratórias

Yunnan, China — Cientistas chineses anunciaram a descoberta de 20 novos vírus, dois dos quais pertencem à família dos henipavírus, intimamente relacionados aos temidos Nipah e Hendra — conhecidos por provocar encefalite grave e doenças respiratórias fatais em seres humanos. A investigação, conduzida ao longo de quatro anos na província de Yunnan, lança um alerta sobre o risco crescente de doenças zoonóticas com potencial pandémico.
A equipa de investigadores analisou os rins de 142 morcegos de 10 espécies distintas, recolhidos em pomares próximos de comunidades rurais. O resultado foi surpreendente: além da presença dos dois henipavírus, o estudo identificou um total de 22 vírus, sendo 20 completamente novos para a ciência.

“Esta descoberta tem implicações críticas para a saúde pública. A presença de henipavírus em morcegos frutívoros próximos de zonas habitadas levanta sérias preocupações sobre possíveis transmissões para humanos ou gado”, alertou o estudo, publicado esta semana na revista científica PLOS Pathogens.
O vírus Nipah, detectado pela primeira vez em 1999, tem uma taxa de mortalidade que pode atingir os 75 %, causando febre, inflamação cerebral, convulsões e coma. Já o Hendra, identificado em 1994 na Austrália, apresenta uma letalidade superior a 50 %, afectando sobretudo cavalos e ocasionalmente seres humanos.
Apesar de nenhum dos novos vírus ter ainda causado infecção humana documentada, os investigadores destacam a sua semelhança genética com os vírus conhecidos e o potencial de mutação e adaptação. Os vírus foram detectados especificamente nos rins dos morcegos, o que indica uma via de eliminação pela urina — semelhante ao mecanismo do Nipah — e possível contaminação de frutas consumidas por humanos.
Os cientistas apelam à reforçada vigilância epidemiológica, especialmente em áreas onde morcegos, humanos e animais de criação partilham o mesmo ecossistema. Sublinha-se ainda a necessidade de conservar os habitats naturais, uma vez que o desmatamento e a expansão agrícola forçam os animais a aproximarem-se das zonas habitadas, aumentando o risco de contágio interespécies.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já classificou o vírus Nipah como um dos principais agentes com potencial para causar uma futura pandemia. A nova descoberta chinesa reforça a urgência de investimentos em investigação virológica, estratégias de contenção e planos de resposta rápida a surtos emergentes.
Com agências internacionais.
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