
Em busca de sobrevivência, mulheres residentes do Bairro Triângulo em Nacala, área próxima ao Porto, arriscam diariamente suas vidas recolhendo restos de cereais que caem das viaturas de transporte de carga a granel.
A situação é recorrente grupos de mulheres com peneiras, sacos e baldes em mãos, disputam precipitadas migalhas de trigo, mapira e outros grãos deixados para trás pelos camiões que saem do porto.
O cenário é marcado por nuvem de poeira e um perigo constante de atropelamento que, embora real, é ignorado em nome do desejo de combater a fome e miséria.
Em entrevista realizada recentemente a duas mulheres do grupo, com responsabilidade de donas de casa, mães e encarregadas de educação, em representação aos seus pares, desabafaram.
Nema Amade, enquanto separava o trigo da areia disse: ” Nós não temos o que fazer, em casa não há nada. Esse pouco mesmo que conseguimos já dá pra alguma coisa”
Abiba Selemane – acrescenta com um olhar cansado: “A pobreza é que nos obriga. Há fome. Aqui conseguimos qualquer coisa para ajudar em casa”.
A prática, embora arriscada, tornou-se uma rotina para muitas famílias da zona, que enfrentam diariamente os efeitos da pobreza extrema, e buscam na actividade uma solução acessível.