
Nos últimos anos, a poluição plástica deixou de ser um problema apenas ambiental para se tornar uma preocupação crescente para a saúde humana. Presentes em quase tudo que nos cerca, os microplásticos — partículas com menos de 5 milímetros de diâmetro — já foram encontrados em diversos órgãos do corpo humano. Agora, cientistas acendem um novo sinal de alerta: essas partículas também estão se acumulando no cérebro.
De onde vêm os microplásticos?
Os microplásticos têm origem principalmente na degradação de objetos maiores, como embalagens, roupas sintéticas e pneus. Eles estão presentes na água potável (inclusive na engarrafada), em frutos do mar, no sal, no ar que respiramos e até em produtos de higiene e cosméticos.
Com o tempo, essas partículas se dispersam amplamente no meio ambiente — e inevitavelmente, acabam entrando em nossos corpos.
Microplásticos no corpo humano
Diversos estudos já comprovaram a presença de microplásticos no sangue, pulmões, cólon, placenta, fígado e coração. A exposição humana acontece principalmente pela ingestão de alimentos contaminados e pela inalação de partículas suspensas no ar.
Agora, um novo estudo realizado por cientistas europeus e publicado no início de 2025 revelou algo ainda mais preocupante: pela primeira vez, foram detectadas quantidades mensuráveis de microplásticos no tecido cerebral humano.
O cérebro, antes protegido, agora vulnerável
O cérebro é um dos órgãos mais protegidos do corpo humano. Uma estrutura chamada barreira hematoencefálica atua como filtro para impedir a entrada de substâncias nocivas. No entanto, pesquisadores descobriram que partículas plásticas extremamente pequenas, como os nanoplásticos (com menos de 1 micrômetro), conseguem atravessar essa barreira.
Em testes com animais de laboratório, os cientistas notaram que, após a exposição oral, os nanoplásticos chegavam ao cérebro em questão de horas. Em exames post-mortem realizados em humanos, vestígios dessas partículas foram encontrados em regiões cerebrais ligadas à cognição e à memória.
Quais os riscos para a saúde?
Ainda não há consenso científico sobre todos os efeitos que os microplásticos causam no corpo humano, mas os indícios são preocupantes. Estudos preliminares apontam que essas partículas podem:
Causar inflamações crônicas;
Induzir estresse oxidativo, o que pode danificar células saudáveis;
Interferir na atividade neurológica e até afetar o funcionamento do sistema nervoso;
Servir como veículos para toxinas, metais pesados e bactérias.
Além disso, há uma crescente preocupação com os possíveis impactos a longo prazo, como aumento no risco de doenças neurodegenerativas, embora isso ainda precise de comprovação científica mais sólida.
Um problema invisível, mas presente
A descoberta de microplásticos no cérebro humano é um marco importante nas pesquisas sobre poluição e saúde pública. Ela reforça o alerta de que a contaminação por plásticos não é apenas um problema ambiental — é também um desafio urgente para a medicina.
“Estamos apenas começando a entender como essas partículas afetam o corpo humano”, afirma a neurocientista Karla Schmidt, uma das autoras do estudo. “Mas a presença no cérebro mostra que precisamos agir rápido para reduzir a exposição.”
Como reduzir a exposição?
Embora evitar totalmente o contato com microplásticos seja quase impossível no mundo moderno, algumas medidas podem ajudar a reduzir a exposição:
Beber água filtrada em vez de engarrafada;
Reduzir o uso de plásticos descartáveis;
Evitar o aquecimento de alimentos em recipientes plásticos;
Optar por roupas feitas de fibras naturais, como algodão;
Ventilar bem os ambientes e usar aspiradores com filtro HEPA.
Os microplásticos, invisíveis a olho nu, estão presentes em quase todos os aspectos do nosso cotidiano. O fato de que já chegaram ao cérebro humano levanta um sério alerta para governos, indústrias e consumidores. O futuro da saúde pública pode depender de ações concretas para conter essa forma silenciosa de poluição — antes que seus impactos se tornem irreversíveis.