
Comunicação do antigo vice-ministro foi apresentada durante reunião partidária, mas autor não esteve presente e não há confirmação de adesão
Um documento crítico à FRELIMO, da autoria do ex-dirigente Rosário Fernandes, foi lido durante o Conselho Nacional da ANAMOLA (Aliança para um Moçambique Livre e Autónomo), realizado no dia 21 de setembro. O antigo vice-ministro e ex-presidente da Autoridade Tributária e do Instituto Nacional de Estatísticas não esteve presente na reunião, e não há indicações claras sobre uma eventual adesão ao partido liderado por Venâncio Mondlane.
Críticas Internas Tornadas Públicas
No documento intitulado “A Minha Comunicação”, Fernandes apresenta uma análise contundente do que considera ser a deriva da FRELIMO, partido do qual é membro histórico. O texto critica a transformação do partido governante numa estrutura “Messiânica, Viral e Catapultadora de Protagonismo Mediático”, questionando o que chama de “Modesto Apreço” às decisões da liderança atual.
Trajetória de Tensões
A comunicação de Fernandes não surge isolada, mas insere-se numa trajetória de crescentes tensões com a liderança da FRELIMO. O ex-dirigente foi exonerado da presidência da Autoridade Tributária em 2015 e demitiu-se voluntariamente do Instituto Nacional de Estatísticas em 2019, após críticas públicas do então Presidente Filipe Nyusi, alegando que o seu compromisso era “com as regras e padrões profissionais”.
Propostas Alternativas
O documento apresenta um conjunto de propostas que contrastam com o modelo atual de governação:
– Implementação de “Soluções Digitais” com maior capacidade comunicativa
– Processos eleitorais baseados em “diálogo inteligente” e “reconciliação nacional”
– Reforma do financiamento partidário, com quotas de filiados representando “pelo menos 51% da Tabela Anual de Receitas”
– Criação de mecanismos de participação popular através de “Contribuições Populares em Praça pública”
Contexto da Leitura
A apresentação do documento durante o Conselho Nacional da ANAMOLA sugere uma sintonia ideológica entre as críticas de Fernandes e as propostas do partido de Venâncio Mondlane, mas a ausência física do autor levanta questões sobre o seu real posicionamento político. A comunicação pode representar tanto um apoio indireto às propostas da ANAMOLA como uma simples partilha de reflexões críticas sobre o estado atual da política moçambicana.
Questões em Aberto
O facto de Fernandes não ter estado presente no Conselho Nacional e não haver confirmação oficial de uma eventual adesão à ANAMOLA deixa em aberto várias questões sobre as suas reais intenções políticas. O documento pode ser interpretado como uma crítica construtiva interna à FRELIMO, uma ponte para futuras negociações políticas, ou uma preparação para um eventual realinhamento partidário.
Impacto Político
Independentemente das intenções de Fernandes, a leitura do seu documento no Conselho Nacional da ANAMOLA representa um momento simbólico significativo. As críticas de um quadro experiente da FRELIMO, com vasta experiência na administração pública, sendo apresentadas numa reunião da oposição, ilustram as tensões internas que atravessam o partido no poder e podem sinalizar futuras reconfigurações no panorama político moçambicano.
A comunicação de Rosário Fernandes, datada de setembro de 2025, termina com os slogans “VIVA o Estado de Direito Democrático!” e “VIVA Moçambique!”, deixando em suspenso se representam uma despedida simbólica da FRELIMO ou apenas uma reafirmação dos seus princípios políticos. Continue lendo