Terroristas matam e queimam várias pessoas em Cabo Delgado

Pelo menos quatro pessoas foram mortas e várias casas queimadas, no distrito de Balama, na província moçambicana de Cabo Delgado, num ataque atribuído pela população aos grupos terroristas que operam na região, disseram hoje à Lusa fontes locais.

Lusa

Segundo as fontes, o ataque, agora revelado, aconteceu na terça-feira numa zona de produção agrícola pertencente ao posto administrativo de Mavala, distrito de Balama a mais de 250 quilómetros da cidade de Pemba, capital provincial.

“Mataram pessoas nas machambas [campos agrícolas], quando estavam a trabalhar”, explicou uma fonte, a partir de Balama sede.

Além das mortes, os terroristas incendiaram as casas de construção precária e saquearam os celeiros dos camponeses, segundo as mesmas fontes: “Depois levaram comida”.

A situação levou à fuga dos camponeses, receando por novos ataques na zona. “Algumas pessoas fugiram para a sede da vila de Balama e para Montepuez”, disse outra fonte.

As Forças de Defesa e Segurança moçambicanas estão a intensificar combates nas matas de Macomia, província de Cabo Delgado, tentando perseguir supostos terroristas que circulam na região, disse na quarta-feira à Lusa fonte oficial.

Segundo a fonte, ligada às operações militares no terreno, estas incluem bombardeamento aéreo, perseguição e reconhecimento dos movimentos dos rebeldes nos postos administrativos de Quiterajo e Mucojo, a 70 e 40 quilómetros da vila sede de Macomia, respetivamente, onde a ação decorre há quase 10 dias.


“Desde o dia 07 de setembro, as zonas de Quiterajo e Mucojo têm sido alvo da ação militar, houve reforço de material, até aéreo, para bombardeamento”, explicou a fonte, a partir de Macomia.

O total de deslocados pelos recentes ataques de grupos terroristas no norte de Moçambique subiu para 5.770, nos últimos dias, em três distritos de Cabo Delgado, segundo a Organização internacional para as Migrações (OIM).

De acordo com um relatório do terreno da OIM, com dados até 15 de setembro, esta “escalada” de ataques e “aumento de medo e violência” registou-se entre 25 de agosto e 11 de setembro nos distritos de Muidumbe, Mocímboa da Praia e Montepuez.

Acrescenta que esta nova onda de insegurança levou ao “deslocamento de aproximadamente 5.770 pessoas”, equivalente a 1.471 famílias, incluindo 3.271 pessoas de Mocímboa da Praia, 2.230 que “fugiram de várias localidades no distrito de Muidumbe” e 269 do distrito de Montepuez.

Em quatro dias trata-se de um aumento de 1.500 deslocados, tendo em conta dados do balanço anterior.

Do total de deslocados atual, 2.601 são crianças, 235 idosos e 131 grávidas, segundo o mesmo relatório.

No final de julho, ataques de grupos terroristas no sul da província de Cabo Delgado já tinham provocado mais de 57 mil deslocados no distrito de Chiúre, segundo relatório anterior da OIM.

A província de Cabo Delgado regista um recrudescimento de ataques de grupos rebeldes desde julho, tendo sido alvos os distritos de Chiúre, Muidumbe, Quissanga, Ancuabe, Meluco e mais recentemente Mocímboa da Praia.

O Governo moçambicano lamentou na semana passada os mais recentes ataques terroristas em Cabo Delgado, referindo que é papel do Estado perseguir, retardar e travar os ataques para que a população tenha “menos sofrimento possível”.

“Lamentamos este infortúnio, mas não paramos nesta componente da lamentação por isso é que estamos com forças empenhadas para o efeito e detalhes deste serão dados, se este for o caso, pelas entidades de segurança que estão efetivamente no terreno ou então pelos responsáveis ao nível central”, disse Inocêncio Impissa, porta-voz do Conselho de Ministros.

Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques, no norte de Moçambique, a maioria reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano. Continue lendo

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Conteúdo protegido por MozToday.