
Cidade do Vaticano — A escolha de um novo nome pelo papa eleito é uma das tradições mais antigas e simbólicas da Igreja Católica. Embora não haja uma regra obrigatória para essa mudança, ela tornou-se um costume arraigado desde o século VI, carregando profundas conotações espirituais, históricas e políticas.
O primeiro pontífice a adotar um nome diferente foi o Papa João II, em 533 d.C. Nascido com o nome Mercúrio, uma referência direta ao deus romano do comércio, o então eleito papa optou por mudar seu nome por considerá-lo impróprio para liderar a Igreja de Cristo. O gesto abriu precedente para uma prática que perdura até os dias de hoje.
“Assumir um novo nome é, para o papa, um sinal de que sua missão se transforma. É um novo papel, que exige também uma nova identidade diante do mundo e da fé”, explica o historiador e teólogo italiano Giovanni Rossi.
Muitos papas escolhem nomes de santos ou de antecessores que admiram. O Papa Francisco, por exemplo, adotou esse nome em 2013 em homenagem a São Francisco de Assis, conhecido por sua vida de humildade, simplicidade e proximidade com os pobres. Já João Paulo I e João Paulo II quiseram honrar os papas João XXIII e Paulo VI, sinalizando continuidade e respeito à herança recente da Igreja.
A escolha do nome também costuma ser interpretada como uma espécie de “programa de governo” do pontífice. “É uma mensagem ao mundo. O nome não é apenas pessoal; ele carrega uma intenção e uma visão para o papado”, destaca Rossi.
Nos bastidores do Conclave, segundo relatos históricos, a escolha do nome ocorre logo após a aceitação do cargo. Após a frase “Aceitas tua eleição como Sumo Pontífice?”, o cardeal eleito responde afirmativamente e, em seguida, é questionado: “Como queres ser chamado?”
Assim, por trás de um simples nome, esconde-se um complexo emaranhado de história, fé e propósito — um ritual que continua a conectar o passado da Igreja com seu presente e futuro.