Sáb. Mai 10th, 2025

Ativista Gamito dos Santos é detido durante protesto contra a crise de combustível em Nampula

Nampula, Moçambique – 10 de maio de 2025 — O ativista social Gamito dos Santos foi detido na manhã deste sábado pela Polícia da República de Moçambique (PRM), na 1.ª Esquadra da cidade de Nampula, durante uma manifestação pacífica contra a crescente crise de combustível que vem afetando a vida dos cidadãos na região norte do país. A detenção ocorre em meio a um clima de crescente tensão social provocado por sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis e dificuldades de acesso ao produto nos postos de abastecimento.

Gamito dos Santos, conhecido por seu engajamento em causas sociais e por liderar mobilizações cívicas em defesa dos direitos dos cidadãos, foi detido por volta das 10h30, no centro da cidade, quando participava de uma concentração de manifestantes que exigiam respostas imediatas do governo provincial sobre a escassez de combustível. Segundo testemunhas, o ativista não ofereceu resistência e foi conduzido sob escolta policial para a 1.ª Esquadra, onde permanece detido até o momento.

A manifestação, convocada por grupos da sociedade civil, incluindo estudantes, mototaxistas e pequenos comerciantes, reuniu cerca de 200 pessoas. Os protestos ocorreram de forma pacífica, com palavras de ordem e faixas que denunciavam o impacto da crise de combustível no custo de vida e na mobilidade urbana. “Sem combustível não há transporte, não há pão, não há escola”, gritavam os manifestantes enquanto marchavam pelas ruas próximas ao Mercado Central.

A Polícia, porém, declarou a concentração como ilegal, alegando ausência de autorização formal. Em comunicado preliminar, a PRM afirmou que a detenção de Gamito dos Santos ocorreu por “desobediência à ordem pública e incitação à desordem”. Organizações de direitos humanos, por outro lado, denunciam que se trata de mais um episódio de repressão ao direito de manifestação garantido pela Constituição moçambicana.

A ONG Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD) emitiu uma nota condenando a detenção e exigindo a libertação imediata de Santos. “A prisão de Gamito é uma violação flagrante do direito à livre expressão e reunião pacífica. É inaceitável que, em pleno século XXI, um cidadão seja privado de liberdade por exercer seus direitos civis de forma ordeira”, diz o comunicado.

Representantes do governo provincial ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o caso, mas fontes próximas à administração indicam que há preocupações com a possibilidade de que os protestos se alastrem para outros bairros da cidade e para províncias vizinhas. A escassez de combustível tem sido atribuída à redução de importações e à instabilidade cambial, agravada por fatores externos como o aumento do preço do petróleo no mercado internacional e atrasos logísticos nos portos nacionais.

Gamito dos Santos, de 34 anos, já havia sido alvo de intimidações em outras ocasiões por sua atuação em movimentos cívicos, sendo uma figura proeminente entre os jovens ativistas que exigem maior transparência e justiça social em Moçambique. Sua detenção gerou forte comoção nas redes sociais, onde hashtags como #LibertemGamito e #CriseDoCombustível já figuram entre os tópicos mais comentados.

Familiares do ativista informaram que ainda não tiveram acesso direto a ele e temem pela sua integridade física. Advogados ligados à Liga Moçambicana dos Direitos Humanos informaram que estão a preparar um pedido de habeas corpus e pretendem apresentar uma queixa formal contra o que classificam como “detenção arbitrária”.

À medida que a crise de combustível se aprofunda e os protestos se intensificam, cresce a pressão sobre as autoridades para oferecer respostas concretas e evitar uma escalada de tensões sociais em Nampula e em outras regiões do país.

A situação permanece em desenvolvimento.

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