
Mecula, Moçambique — Uma nova vaga de violência armada no distrito de Mecula, província do Niassa, forçou a deslocação de pelo menos 2.085 pessoas entre os dias 30 de abril e 3 de maio. Os ataques, atribuídos a grupos armados não estatais, ocorreram nas aldeias de Mbamba e Macalange, localizadas dentro da Reserva Especial do Niassa.
De acordo com autoridades locais e agências humanitárias, a maioria dos deslocados procurou abrigo na sede distrital de Mecula, onde a Escola Básica 16 de Junho foi transformada em centro de trânsito. Outras famílias foram acolhidas por membros da comunidade local, num gesto de solidariedade em meio ao agravamento da crise.
A situação humanitária é considerada crítica. Entre os deslocados, mais de metade são crianças, cerca de 25% são mulheres, além de idosos e pessoas com necessidades especiais. Há carência urgente de alimentos, abrigo, assistência médica e apoio psicossocial.
O ministro da Defesa Nacional, Cristóvão Chume, reconheceu a presença de grupos terroristas na reserva e garantiu que as Forças de Defesa e Segurança estão a atuar no terreno para conter a ameaça. As autoridades moçambicanas continuam a investigar os ataques e a reforçar o patrulhamento na região.
Organizações internacionais, como o Reino Unido e os Estados Unidos, já emitiram alertas de segurança, desaconselhando viagens à província devido ao risco crescente de violência armada.
Estes eventos sinalizam uma preocupante expansão da insurgência que assola Moçambique desde 2017, originalmente centrada em Cabo Delgado, e agora estendendo-se para o Niassa, aumentando ainda mais a complexidade da crise humanitária no norte do país.