O presidente norte-americano e candidato republicano Donald Trump voltou a causar polémica ao insinuar que poderia deportar Elon Musk, CEO da Tesla e da SpaceX, caso volte à Casa Branca. A declaração foi feita durante uma conferência de imprensa em Palm Beach, na sequência de uma troca de críticas entre os dois bilionários.

Questionado por jornalistas se consideraria deportar Musk, Trump respondeu: “Não sei. Teremos que dar uma olhada. Há muita coisa aí para investigar”. A afirmação seguiu-se a publicações feitas por Trump na rede Truth Social, onde acusou Musk de “viver às custas de subsídios do governo” e sugeriu que, sem esse apoio, teria de “voltar para a África do Sul”.

A tensão entre os dois intensificou-se nos últimos dias, depois de Musk ter criticado abertamente o ambicioso plano económico de Trump — o chamado One Big Beautiful Bill —, classificando-o de “irrealista e destrutivo para a inovação”. Em resposta, Trump ameaçou utilizar o DOGE (Department of Government Efficiency), um organismo recém-proposto pela sua campanha, para investigar os financiamentos públicos atribuídos a empresas ligadas a Musk.

Apesar do tom beligerante, especialistas jurídicos consideram a possibilidade de deportação extremamente improvável. Musk é cidadão norte-americano naturalizado desde 2002, o que significa que qualquer tentativa de revogar a sua cidadania exigiria provas concretas de fraude no processo de naturalização, além de longos trâmites legais.

“Mesmo que Trump vença as eleições, deportar Musk seria juridicamente quase impossível, a menos que surjam provas muito fortes de ilegalidade passada”, explicou a professora de Direito Constitucional norte-americana, Janet Keller, ao New York Times. “Neste momento, tudo indica que se trata apenas de retórica eleitoral”.

Steve Bannon, ex-estratega da Casa Branca, também entrou no debate, alegando que Musk teria trabalhado ilegalmente nos Estados Unidos com visto estudantil antes de obter a cidadania. No entanto, não apresentou provas que sustentem essa alegação.

A disputa reacende a tensão entre figuras de peso no cenário tecnológico e político dos EUA, num momento em que o país se prepara para eleições presidenciais altamente polarizadas. Enquanto Trump promete endurecer regras migratórias e rever políticas de financiamento estatal, Musk mantém uma postura cada vez mais vocal contra o que considera “intervenções governamentais tóxicas”.