Dom. Abr 27th, 2025

Governo pondera manipular a opinião pública sobre os profissionais da saúde em greve

A Primeira-Ministra, Benvinda Levi, declarou recentemente que o governo está a dialogar com os profissionais de saúde para “entender as motivações” da greve. Francamente, parece-me que o governo está a agir de má fé e a tentar manipular a opinião pública. Todos sabem que estas motivações não são novas nem misteriosas.

Esta greve não surgiu do nada. O próprio Gabinete da Primeira-Ministra recebeu, há mais de um mês, uma carta com os motivos concretos da paralisação, foi no dia 6 de março. Então, como é possível que, passado todo este tempo, a chefe do governo continue a dizer que está a tentar perceber os motivos?

Além disso, sei que houve uma reunião entre os profissionais da saúde e representantes do Gabinete da Primeira Ministra, embora a Primeira-Ministra não tenha estado presente. Não terá já recebido a acta dessa reunião? Ou não a leu? O que transparece é um governo que está a tratar uma crise grave com leveza e desinteresse.

A situação em vários hospitais é crítica. Há relatos de mortes directamente relacionadas com a greve. Ainda assim, Levi afirmou que nem todos os profissionais estão em greve e que “apenas uma associação está a liderar o movimento”, como se isso fosse suficiente para desvalorizar a mobilização. Esse tipo de argumento revela, a meu ver, um certo conformismo e uma falta de seriedade na abordagem do problema.

Importa também lembrar que a Primeira-Ministra, quando precisa de cuidados de saúde, certamente não recorre às unidades públicas. E isso, por si só, diz muito sobre a realidade do sistema.

É verdade que nem todos os profissionais estão oficialmente em greve, mas há também quem apenas marque presença sem efetivamente exercer as suas funções, o que configura uma espécie de greve silenciosa. Isso também tem impacto e é um reflexo claro do clima de descontentamento.

O mais preocupante é que este problema arrasta-se desde 2023, e o discurso continua a ser de diálogo e de tentativa de compreensão. Será assim tão difícil admitir que o governo não está a cumprir os compromissos assumidos nos acordos anteriores?

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