
Cortes promovidos pela administração Trump à agência USAID colocam em risco décadas de avanços no combate ao HIV/SIDA, alerta o vocalista do U2.
O músico e ativista Bono, vocalista da banda U2, acusou esta semana o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de “deitar fora” décadas de sucesso na luta global contra o HIV/SIDA. Em declarações à agência Associated Press, o artista classificou como “desconcertantes” os cortes feitos pelo atual governo norte-americano à USAID — Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional — que financia programas de combate ao vírus em dezenas de países.
“Um milhão de crianças a morrer porque os seus sistemas de suporte de vida foram retirados da parede, com alegria, não é essa a América que eu reconheço ou compreendo”, afirmou Bono, visivelmente indignado com o impacto humanitário das recentes decisões da Casa Branca.
Durante o mandato de Trump, a USAID foi alvo de uma forte reestruturação, com cortes significativos em contratos e subsídios destinados a iniciativas de saúde pública. Países africanos, como a África do Sul, foram particularmente atingidos: mais de 8.000 profissionais de saúde perderam os seus empregos, 12 clínicas especializadas em HIV encerraram, e o número de testes e tratamentos caiu drasticamente.
Dados recentes mostram uma queda acentuada na testagem de HIV entre mulheres grávidas e adolescentes, bem como a interrupção no fornecimento de medicamentos antirretrovirais em várias regiões. A Organização Mundial da Saúde alertou que oito países correm o risco de ficar sem os medicamentos essenciais nos próximos meses, se os cortes não forem revertidos.
Bono, que há décadas está envolvido em campanhas de combate à pobreza e a doenças infecciosas, apelou ao governo norte-americano para que retome o financiamento. “Não se trata apenas de política externa, trata-se de vidas humanas — vidas que dependem diretamente da liderança e do compromisso dos Estados Unidos”, concluiu.
A comunidade internacional acompanha com preocupação o impacto das políticas da atual administração, temendo um retrocesso significativo nos avanços obtidos nas últimas duas décadas no combate à epidemia global do HIV/SIDA.