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ONU acusa Ruanda de controlar rebeldes do M23 durante ofensiva no leste da RDC

Relatório confidencial aponta que Kigali ganhou influência política e acesso a minerais; governo ruandês nega envolvimento

Especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmam que Ruanda exerceu comando e controlo direto sobre os rebeldes do M23 durante a ofensiva sem precedentes no leste da República Democrática do Congo (RDC). A acusação consta de um relatório confidencial, citado pela agência Reuters, e aponta que, como consequência, o governo de Kigali terá reforçado a sua influência política na região e garantido acesso a zonas ricas em minerais estratégicos.

De acordo com os peritos da ONU, Ruanda não apenas apoiou o M23 logisticamente, mas coordenou as suas ações militares no terreno, num conflito que tem vindo a deslocar centenas de milhares de civis e a agravar a instabilidade na província de Kivu do Norte.

O governo ruandês, liderado por Paul Kagame, rejeitou veementemente as conclusões, como já fizera em ocasiões anteriores. Kigali tem negado de forma repetida qualquer envolvimento com o grupo rebelde, classificando as acusações como “infundadas” e parte de uma “campanha de desinformação”.

Apesar das negações, a ONU sustenta que há provas sólidas de que oficiais do exército ruandês estiveram diretamente envolvidos nas operações do M23. As forças rebeldes têm sido acusadas de múltiplas violações dos direitos humanos, incluindo execuções extrajudiciais, recrutamento forçado e ataques contra civis.

O relatório confidencial surge num momento de crescente tensão diplomática entre a RDC e Ruanda. Kinshasa acusa Kigali de desestabilizar deliberadamente o seu território para beneficiar da exploração ilegal de recursos como coltan, ouro e cobalto — minerais fundamentais para a indústria tecnológica global.

A comunidade internacional tem apelado a uma investigação aprofundada e ao fim imediato do apoio externo a grupos armados na região. No entanto, os esforços de mediação têm enfrentado obstáculos, num conflito com raízes profundas e implicações geopolíticas cada vez mais evidentes.

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