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Moçambique Fora do Ranking das 100 Melhores Universidades Africanas

Moçambique ficou de fora do mais recente ranking das 100 melhores universidades africanas no que diz respeito à produção de conhecimento científico, um reflexo preocupante do estado da investigação no ensino superior nacional.

Nenhuma instituição moçambicana — nem pública nem privada — conseguiu posicionar-se entre as melhores do continente, num ranking dominado por universidades sul-africanas, egípcias, nigerianas e quenianas. O levantamento, realizado por entidades académicas internacionais, teve como base critérios como a produção científica indexada, o impacto das publicações, parcerias de investigação, citações académicas e inovação tecnológica.

Para o professor universitário António Sipriano, este resultado não é surpreendente. “Não há investimento sério em investigação científica. As universidades operam com orçamentos limitados, mal têm verbas para funcionamento básico, quanto mais para financiar laboratórios, bolsas ou projectos de investigação”, criticou o académico.

Já o também docente e investigador Raul Balate aponta a ausência de políticas públicas consistentes como um entrave adicional. “A ciência não pode florescer num país onde os investigadores não têm acesso a bases de dados, não recebem incentivos e não têm tempo ou recursos para se dedicarem exclusivamente à pesquisa”, lamentou.

Investimento abaixo da média africana
De acordo com dados recentes da UNESCO, Moçambique investe menos de 0,3% do seu PIB em ciência e tecnologia, um valor muito abaixo da média africana e distante da meta recomendada de 1%. Esse défice reflete-se em todos os níveis: laboratórios mal equipados, falta de financiamento para publicações académicas, ausência de programas de doutoramento robustos e quase inexistência de parcerias internacionais sólidas.

A Universidade Eduardo Mondlane (UEM), considerada a principal instituição de ensino superior do país, tem enfrentado dificuldades constantes para manter centros de investigação activos e competitivos.

Caminho a seguir
Para os académicos, a reversão deste cenário exige investimento público e privado contínuo, apoio institucional aos investigadores e revisão dos modelos de financiamento das universidades. Também defendem maior articulação entre as universidades, o sector produtivo e os centros de inovação.

“Sem ciência, não há desenvolvimento. E sem financiamento, não há ciência. É simples”, resume Augusto Razão, nosso comentador.

Enquanto isso, Moçambique assiste à fuga de cérebros e à crescente marginalização das suas universidades no panorama académico africano.

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