
“Dirigentes vão para tratamentos médicos no estrangeiro, enquanto os serviços de saúde internos se deterioram”, denuncia Bastonário dos médicos

Maputo — O Bastonário da Ordem dos Médicos, Gilberto Manhiça, lançou duras críticas à corrupção instalada no sector público, alertando que “enquanto a corrupção dominar, não haverá saúde de qualidade”. A declaração foi feita num contexto de avaliação da degradação dos serviços de saúde em Moçambique, associando diretamente o fenómeno da corrupção à fragilidade do sistema.
Manhiça recordou o período pós-independência, particularmente durante a liderança de Samora Machel, como um tempo em que o Estado funcionava com alguma lógica institucional. “Quando morreu o presidente Samora, tudo estava a funcionar em concordância com aquilo que nós achávamos que era lógico”, afirmou.
Contudo, lamentou que, após esse período, “a corrupção começou a ser a tónica do Estado”, contribuindo para a fuga de dirigentes para tratamentos médicos no estrangeiro, enquanto os serviços de saúde internos se deterioravam.
As palavras do bastonário reflectem uma crescente frustração entre os profissionais de saúde e os cidadãos, que enfrentam diariamente um sistema sobrecarregado, com escassez de recursos, medicamentos e pessoal qualificado. Para muitos, estas declarações colocam mais uma vez a necessidade urgente de reformas estruturais no centro do debate nacional sobre o futuro da saúde pública.
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