
Edson Massingue denuncia tentativa de assassinato. Celso Correia ameaçou desafiar qualquer pessoa que investigar SUSTENTA

Maputo — Julho de 2025
O clima político em Moçambique volta a estremecer após o analista político Hedson Massingue ter denunciado publicamente uma alegada tentativa de assassinato, poucos dias depois de tecer críticas contundentes ao extinto programa SUSTENTA — projecto agrícola liderado por Celso Correia e alvo de acusações de corrupção e má gestão.
“Fui abordado por homens armados, mas felizmente os meus seguranças impediram o ataque”, revelou Massingue num vídeo divulgado nas redes sociais. A denúncia gerou forte reacção pública, reacendendo os receios de repressão contra figuras que desafiam o status quo e expõem práticas obscuras nas estruturas de poder.
Durante a sua declaração, o analista lançou um apelo dramático à sociedade e às instituições do Estado:
“Não matem os fazedores de opinião… Não assassinem vozes críticas como Gil Sistac, João Camusse e Elvino Dias.”
A menção a estes nomes evoca casos marcantes de intimidação, ameaças e até mortes em circunstâncias nunca devidamente esclarecidas, envolvendo académicos, jornalistas e activistas cívicos.
Massuingue foi ainda mais longe, ao dirigir um alerta pessoal ao líder político Venâncio Mondlane:
“Tenha cuidado, esta gente não está para brincadeira.”
A advertência sugere que figuras da oposição e outras vozes incómodas poderão estar na mira de redes de influência que operam para silenciar dissidentes, sobretudo num período de transição política delicada, em que o poder está a realinhar-se após o fim da era Nyusi.
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A denúncia surge numa altura em que se acumulam indícios de perseguição política, intimidação de activistas e tentativas de abafar investigações sobre programas públicos como o SUSTENTA — já classificado por analistas e organizações da sociedade civil como um dos maiores fracassos da governação recente.
Até ao momento, não houve qualquer pronunciamento oficial das autoridades sobre a suposta tentativa de assassinato. A ausência de uma reacção institucional reforça a percepção de impunidade e fragilidade do Estado de Direito.
Enquanto isso, cresce o coro de vozes a exigir garantias de segurança para os fazedores de opinião e um ambiente democrático em que críticas e denúncias não sejam punidas com silenciamento — ou, pior, com a morte.
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