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PRM diz que Jonathan Sulemane terá simulado atentado contra si mesmo

Quelimane, 30 de Junho de 2025 — O jovem político moçambicano Jonathan Sulemane, conhecido pelo seu activismo e pela marcha simbólica a pé entre Quelimane e Maputo em apoio à liberdade e justiça, escapou alegadamente a uma tentativa de assassinato na madrugada de sábado (28). O caso, que inicialmente gerou comoção e indignação pública, ganhou contornos controversos com a declaração da Polícia da República de Moçambique (PRM), que afirma que o próprio Jonathan terá simulado o atentado contra si.

Segundo vizinhos, que pediram anonimato por receio de represálias, o ataque ocorreu por volta das 2h00 da manhã. Relataram ouvir disparos e notar movimentações suspeitas no quintal da residência de Jonathan. “Os homens escalaram o muro, dispararam várias vezes e lançaram gasolina no terreno. Pensámos que iam incendiar a casa”, contou uma fonte local.

Fontes preliminares indicam que Jonathan conseguiu escapar com vida, embora o seu paradeiro e estado de saúde permaneçam oficialmente desconhecidos. O silêncio do próprio ativista aumenta a tensão em torno do caso.

Hoje, em conferência de imprensa, a PRM alegou que tudo não passou de uma simulação encenada pelo próprio Jonathan. “Não há indícios materiais de ataque externo. Tudo indica uma tentativa de vitimização fabricada com motivações políticas”, afirmou um porta-voz da corporação.

Polícia Partidarizada?
A reação da polícia gerou forte polémica. Diversas vozes da sociedade civil, organizações de direitos humanos e membros da oposição consideram a atuação da PRM como uma extensão do partido no poder, a FRELIMO. Há anos que diferentes entidades têm vindo a denunciar a politização das forças de defesa e segurança em Moçambique.

“É gravíssimo que a polícia, em vez de proteger os cidadãos, apresse-se a desacreditar uma vítima antes de uma investigação independente. Este padrão revela uma estrutura partidária disfarçada de instituição do Estado”, declarou um jurista local, sob anonimato.

Jonathan Sulemane ganhou notoriedade nacional após ter percorrido centenas de quilómetros a pé, entre Quelimane e Maputo, para participar numa marcha convocada por Venâncio Mondlane, candidato presidencial da oposição que continua a contestar os resultados das últimas eleições, alegando fraude.

Clima de Insegurança e Intimidação
Este caso junta-se a uma série de eventos que alimentam o clima de insegurança e repressão política em Moçambique. Ativistas e opositores têm vindo a denunciar perseguições, ameaças e tentativas de silenciamento. O país encontra-se numa encruzilhada, onde a liberdade de expressão e o direito à dissidência parecem cada vez mais ameaçados.

A população exige esclarecimentos urgentes. Se Jonathan está vivo, por que não se apresenta? Se a polícia tem provas concretas, por que não as torna públicas? A verdade permanece envolta em neblina, mas o caso já expôs, mais uma vez, as fragilidades do Estado de direito em Moçambique.

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