
Maputo, MozToday — O recente ataque ao navio de pesquisa russo Atlantida K-1704 ao largo da costa de Cabo Delgado lançou um alerta sobre a vulnerabilidade marítima de Moçambique. A ofensiva, atribuída a insurgentes armados, ocorreu próximo à Ilha de Tambuzi, numa área estratégica do litoral norte, e marca um novo capítulo no conflito que há anos afeta a província.
Embora o navio tenha conseguido escapar ileso, o incidente revela falhas críticas na vigilância costeira e na capacidade de resposta das autoridades moçambicanas. Pela primeira vez, uma embarcação estrangeira foi diretamente visada por grupos armados, evidenciando que o mar deixou de ser um refúgio seguro.
A costa moçambicana, rica em biodiversidade e recursos energéticos, especialmente gás natural, está cada vez mais exposta. A ausência de uma presença naval consistente, associada à limitação de meios tecnológicos e operacionais, deixa vastas extensões do litoral suscetíveis a ações criminosas e terroristas.
Mais do que um caso isolado, o ataque sugere uma mudança na estratégia dos insurgentes e uma ampliação do seu raio de ação. Diante disso, especialistas defendem um reforço urgente na segurança marítima, com investimento em vigilância costeira, patrulhamento naval e cooperação internacional.
A ameaça no mar não é apenas militar, mas também econômica. A instabilidade afasta investidores, compromete atividades pesqueiras e ameaça diretamente comunidades costeiras que já vivem em situação de fragilidade.
Este episódio deve servir de alerta: proteger a costa de Moçambique é proteger sua soberania, sua economia e sua população.