
Família tomou conhecimento da tragédia através das redes sociais e acusa empresa de negligência. Vítima procurava comida quando sofreu acidente fatal.
Um jovem natural de Nampula perdeu a vida na Cidade de Maputo enquanto trabalhava para a empresa de segurança privada “Youlan”, de proprietários chineses. A notícia da morte chegou aos familiares através das redes sociais, nomeadamente o Facebook, antes mesmo de qualquer contacto oficial por parte da entidade empregadora.
Segundo apurou este jornal, a vítima havia conseguido um posto de trabalho na empresa “Youlan” em Nampula, mas foi transferida para Maputo dias depois de ter iniciado funções. A tragédia ocorreu pouco tempo após a transferência, deixando a família em choque e à procura de respostas.
Pedido de ajuda dois dias antes
A irmã do jovem, visivelmente abalada, relatou que, dois dias antes da morte, o irmão ter-lhe-ia telefonado a pedir dinheiro para comprar comida, queixando-se de que a empresa apenas os havia colocado a trabalhar sem providenciar qualquer refeição.
“Em pleno dia, o gerente da empresa ligou para a família em Nampula a informar que o meu irmão havia perdido a vida em Maputo. Mas, antes da ligação, já tínhamos visto a notícia nas redes sociais, o que nos levou a deslocar-nos até à empresa para confirmar a informação”, contou a familiar.
Empresa alega falta de documentação
De acordo com a família, a empresa justificou o atraso na comunicação do óbito alegando que o jovem não possuía documentos. Porém, os familiares questionam como é possível um indivíduo conseguir emprego numa empresa reconhecida no mercado moçambicano sem qualquer tipo de documentação válida.
Segundo informações recolhidas pela família, o jovem terá tentado ajudar outra empresa a descarregar produtos, procurando desta forma conseguir, pelo menos, um prato de comida. Foi durante esta operação de descarregamento que terá sofrido um acidente com o material que manuseava, vindo a falecer momentos depois.
“O meu irmão perdeu a vida quando procurava alimentação, porque a empresa não presta qualquer assistência aos seus funcionários”, afirmou a irmã da vítima.
Família exige indemnização
Os familiares responsabilizam a empresa pela morte do jovem e exigem uma indemnização, prometendo avançar com um processo judicial caso o pedido não seja cumprido.
Quando a imprensa se deslocou às instalações da empresa, as portas foram encerradas e o gerente recusou-se a prestar qualquer declaração ou esclarecimento sobre o caso.
O incidente levanta questões sobre as condições de trabalho oferecidas pela empresa e a responsabilidade das entidades empregadoras na proteção dos seus funcionários. Diário da Zambézia
