
Um debate voltou a ganhar força nas redes sociais moçambicanas depois de uma publicação destacar que a Etiópia está a construir a sua segunda maior barragem hidroeléctrica, em Koysha, com uma capacidade de produção de 1.800 a 2.160 megawatts (MW) de energia, a um custo de apenas 2,7 mil milhões de dólares.
A comparação surge porque o projecto hidroeléctrico de Mphanda Nkuwa, em Moçambique, prevê gerar 1.500 MW, mas com um investimento estimado em quase 6 mil milhões de dólares — mais do que o dobro do valor etíope, para uma capacidade inferior.
A diferença de custos tem levantado questionamentos sobre a estrutura financeira e técnica do projecto moçambicano, bem como sobre possíveis sobrecustos associados à linha de transporte de energia de mais de 1.300 quilómetros entre Tete e Maputo, uma das mais extensas de África.
Especialistas defendem que o custo total de Mphanda Nkuwa não se limita à barragem em si, mas também engloba infra-estruturas complementares, como subestações, reassentamentos populacionais e medidas de mitigação ambiental. Ainda assim, analistas pedem maior transparência na composição orçamental, para garantir que o país obtenha um retorno justo pelo investimento de uma das maiores obras públicas da sua história.
O governo moçambicano assegura que o projecto, liderado pelo consórcio Électricité de France (EDF), TotalEnergies e Sumitomo Corporation, segue padrões internacionais e será determinante para o reforço da capacidade energética nacional e regional. Contudo, o contraste com a barragem etíope reacende a discussão sobre a eficiência dos grandes projectos de energia em Moçambique e os desafios de garantir que tragam benefícios reais para os cidadãos.
