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Mesmo com orçamento milionário, quartéis estão há meses sem mantimentos

O Presidente da República, Daniel Chapo, exonerou, na última semana, através de um Despacho Presidencial, Joaquim Rivas Mangrasse do cargo de Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM). Para o cargo deixado vago por Mangrasse, Chapo nomeou Júlio Jane, que vai herdar tropas sem moral, uma vez que, além dos recorrentes atrasos de salários, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) enfrentam, actualmente, problemas logísticos, com os seus quartéis sem mantimentos, facto comum que tem militares forçados dispensados para as suas casas e em processos legais limitados a ambição de seguir a carreira. Esta grave situação é verificada mesmo com um suposto orçamento chorudo destinado ao exército e obrigou o adiamento do início de mais um curso na Escola Prática do Exército em Mungazine, distrito de Marracuene, província de Maputo. Por outro lado, nos últimos anos, sob comando de Mangrasse, Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), o descontentamento subiu no seio das tropas que estão na linha da frente na luta contra o terrorismo no Teatro Operacional Norte, muitas vezes com queixas de falta de ração e traições que resultaram em baixas e quebra de moral combativa.


O Chefe do Estado, apoiando-se nas competências que lhe são conferidas pela alínea (d), do artigo 160 da Constituição da República decidiu fazer mexidas nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique exonerando Joaquim Rivas Mangrasse do cargo de Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).
O sucessor de Joaquim Mangrasse já foi empossado. Trata-se de Júlio Jane, por sinal um dos generais mais experientes das FADM e que já foi Comandante-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Comandante do Teatro Operacional Norte (TON) e Comandante do Teatro Operacional Centro.

 Mesmo com orçamento milionário, quartéis estão há meses sem mantimentos


Ao que tudo indica, a escolha de Júlio Jane para comandar as FADM surge numa altura em que a moral está baixa e há cada vez mais reclamações por parte das tropas em relação à situação nos quartéis.
Fontes militares revelaram que há vários meses que as FADM estão sem mantimentos. Os quartéis foram locais de fartura ao ponto de alguns “chefes” se darem ao luxo de desviar toneladas de produtos destinados aos militares, mesmo agastando a situação de deterioração dos mesmos. Em vez de tirar as reflexões por tais danos, os dirigentes das FADM insistem que a culpa é das unidades e há uns que têm sido repreendidos e ameaçados de processos disciplinares por levantarem a voz sobre a má gestão que se verifica nas fileiras.
“Estamos a viver uma crise sem precedentes. Estamos há meses sem mantimentos e os nossos superiores fazem de conta que está tudo bem. Há dias em que nem sequer se come. Alguns de nós fomos dispensados para as nossas casas porque não há como sobreviver nos quartéis”, revelou uma das fontes militares.


O cenário acima descrito, que é transversal a vários quartéis do país, afecta o funcionamento normal das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, facto que obrigou o Ministério da Defesa Nacional. Ela está afecta a um dos quartéis de Maputo, porém, já ouvi reclamações de colegas que estão noutras províncias, sobretudo, em Cabo Delgado”, declarou um militar que preferiu não se identificar por temer represálias.
Vários estudantes também bailados de dinheiro ou Defesa e Segurança são obrigados a recorrer aos seus próprios bolsos para custear o seu sustento, uma fonte militar garantiu que o desespero está no auge e que é difícil saber quem é do bem ou do mal.
“Não é segredo para ninguém que a situação nas FADM é crítica. A comida é um dos problemas, mas há outros. Há vários militares que foram exonerados ou afastados das funções por denunciarem esquemas de corrupção ou má gestão. Há um silêncio forçado que pode ser perigoso para o nosso país. Nós temos a obrigação de proteger a pátria, mas também temos que ser protegidos pelo Estado. Não podemos viver eternamente assim. Temos colegas que morreram por negligência médica e outros que foram mortos por terroristas e até hoje as famílias não foram indemnizadas. É um sofrimento sem fim. Passamos a vida a fingir que está tudo bem, mas, mesmo depois de o novo Governo tomar posse, continuamos a sofrer”, desabafou.

MDN adiou início do curso de formação básica militar em Mungazine devido a problemas logísticos

Não se sabe quantos os quantos se debatem com a falta de comida nos quartéis das FADM. Mas sabe-se que o Teatro Operacional Norte está também com esta crise, segundo fontes, esteve por detrás do atraso da formação de novos soldados.
Por outro lado, a Escola Prática do Exército em Mungazine viu-se obrigada a adiar o início do curso de formação básica militar devido à falta de mantimentos.
Ao que tudo indica, a referida unidade militar, que está afectada por um problema logístico há meses, deveria acolher o curso de formação básica militar neste mês de Abril, mas o mesmo foi adiado, de forma indefinida.
O curso de formação básica militar na Escola Prática do Exército de Mungazine, no distrito de Manhiça, província de Maputo.


No entanto, o arranque dos treinamentos ainda não aconteceu.
Foi adiado ao novo aviso por razões logísticas, segundo fontes militares.
Júlio Jane é o novo Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique. A sua nomeação é esperada com alguma expectativa, pois acredita-se que terá a missão de restaurar a moral das tropas e garantir que as Forças Armadas voltem a ser uma instituição respeitada.

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