A LAM foi criada a 14 de Maio de 1980, portanto, faz hoje 45 anos de existência. 45 anos de existência da LAM. Esses 45 anos só me lembram aquele tio que todos nós temos na família; aquele tio que aos 45 anos de idade ainda vive no quintal da mãe. Aquele tio que dorme na sala e só acorda quando ouve a vassoura, pois tem receio de ser confundido com lixo, varrido e enxotado por uma pá num saco de lixo.
Aos 45 anos, a LAM continua aquele tio que todos nós temos; aquele tio que antes do “bom dia” atira-nos um pedido de 5 meticais para o cigarro, aquele tio que pela manhã disputa com os gatos, no quintal, os raios solares mais quentinhos e depois vai adubando o quintal de escarros secos de cigarros fumados no dia anterior.
Aquele tio que todos os dias soma vícios, chama manos aos sobrinhos como forma humilde de mendigar uma moeda e sempre se disponibiliza para lavar os pratos para poder pescar restos de comida e enfiá-los no seu enorme estômago. Aquele tio que sempre tem um palito de fósforo no canto da boca, pronto para transformar em cigarro qualquer oportunidade que lhe surgir.
A LAM, aos 45 anos de idade, é como esse tio; o tio que tem muitas pistas de vontade de mudar, mas escangalhou todos os aviões de esperança aos 18 anos de idade. Não tem nenhum avião de esperança; aquele tio que desvia o dinheiro da luz e da água e ao fim do dia pede desculpas, promete mudar e cortar alguns vícios.
Aos 45 anos, a LAM envelheceu quase um século; já não voa, partiu todas as asas dos seus aviões; a LAM arrasta-se, aliás, mesmo para se arrastar aluga bengalas com o dinheiro que nem tem. De certeza, hoje, a LAM vai cancelar o corte de bolo, pois deve estar ocupada a cancelar voos. Sérgio Raimundo