
Cerca de metade do efetivo da Polícia Municipal da Manhiça está alocado à proteção dos bens pessoais do presidente do Conselho Municipal, segundo denúncia da bancada do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) na Assembleia Municipal. A situação, classificada como “abuso de poder” pelos opositores, levanta questões sobre o uso indevido de recursos públicos e o desvio da função original da força policial.
Recursos públicos a serviço privado
De acordo com o MDM, enquanto a população da Manhiça enfrenta desafios como criminalidade e falta de segurança, uma parcela significativa dos agentes municipais é direcionada para a segurança de propriedades particulares do presidente do Conselho. “Isso é um claro desvio de finalidade. A Polícia Municipal existe para servir a comunidade, não para ser guarda-costas de interesses privados”, afirmou um representante do partido.
Abuso de poder ou necessidade legítima?
A bancada governante ainda não se pronunciou oficialmente sobre as acusações, mas fontes próximas ao Conselho Municipal sugerem que a medida seria justificada por “ameaças específicas”. No entanto, críticos argumentam que, mesmo nesses casos, a proteção deveria ser custeada pelo próprio beneficiário, não pelos cofres públicos.
Impacto na segurança coletiva
Moradores entrevistados relataram preocupação com a falta de policiamento em áreas periféricas. “Se metade da polícia está ocupada com uma única pessoa, quem protege o resto de nós?”, questionou uma residente do distrito. Especialistas em segurança pública alertam que a má distribuição de recursos pode agravar a vulnerabilidade da população.
Exigências por transparência
O MDM cobra uma auditoria independente sobre o uso dos recursos da Polícia Municipal e a divulgação de documentos que comprovem a legalidade dessas designações. “A população merece saber como seu dinheiro está sendo gasto”, destacou o partido.
Enquanto isso, a sociedade civil local pressiona por respostas, evidenciando a necessidade de maior fiscalização sobre o poder público na Manhiça. O caso expõe não apenas um possível conflito de interesses, mas também a urgência de reformas que garantam a equidade no acesso à segurança.