
Elon Musk anunciou oficialmente a sua saída do governo dos Estados Unidos, encerrando um mandato de 128 dias à frente do recém-criado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), uma estrutura idealizada pela administração de Donald Trump para promover cortes orçamentais e racionalizar a máquina pública federal.
A saída do empresário sul-africano, fundador da Tesla e da SpaceX, ocorre dois dias antes do previsto e é atribuída a desacordos com a nova legislação fiscal promovida por Trump, que, segundo Musk, “contraria frontalmente o objetivo central do DOGE ao aumentar drasticamente o défice público”.
Durante o seu curto, mas mediático mandato, Musk prometera poupanças de até um bilião de dólares através do encerramento de agências federais, eliminação de programas considerados ineficazes e revisão de contratos públicos. No entanto, até à sua saída, o departamento conseguiu identificar apenas 175 mil milhões de dólares em cortes possíveis, gerando críticas por parte de aliados e opositores.
A gestão de Musk no governo foi marcada por polêmicas, incluindo disputas judiciais com sindicatos e denúncias de que algumas das suas propostas afetavam programas sociais amplamente apoiados pela opinião pública. Ao mesmo tempo, o envolvimento político começou a prejudicar os seus negócios: a Tesla registou uma queda de 71% nos lucros no último trimestre, levando acionistas a exigir o seu regresso à liderança plena da empresa.
Em comunicado, Musk afirmou que, apesar da sua saída, continuará a apoiar a administração Trump de forma informal. “Foi uma experiência única servir o país. Saio com a convicção de que a eficiência governamental é possível — mas não sem consensos claros sobre prioridades fiscais.”
A Casa Branca ainda não anunciou um substituto para o cargo. Internamente, fontes indicam que o futuro do próprio DOGE está em análise, dada a sua dependência da figura e da visão de Musk.
A partida do magnata marca o fim de uma das experiências mais insólitas da política norte-americana recente: a tentativa de um dos homens mais ricos do mundo em reinventar a máquina estatal com a mesma lógica de inovação e corte de custos que aplica às suas empresas privadas.