
Colômbia: 57 militares sequestrados sob pressão de dissidência armada no Cauca

Bogotá, 23 de Junho de 2025 — O Exército da Colômbia denunciou esta segunda-feira o sequestro de 57 militares por civis que, segundo as autoridades, agiram sob coação da dissidência armada das FARC na região conflituosa do Cauca, no sudoeste do país.
De acordo com o comando militar, os sequestrados incluem quatro suboficiais e 53 soldados profissionais que participavam de uma operação para restabelecer a ordem pública na localidade de El Plateado, um território historicamente marcado pelo narcotráfico e pela presença de grupos ilegais.

“Estes militares foram retidos de forma ilegal por civis manipulados pelas estruturas criminosas da dissidência ‘Carlos Patiño’, que opera na zona”, declarou o Ministério da Defesa em nota oficial.
Civis usados como escudo humano
Segundo fontes militares, os civis teriam sido pressionados por integrantes da dissidência a interceptar e bloquear o avanço das tropas, numa tentativa de dificultar a presença das Forças Armadas na região. As autoridades denunciam ainda que os dissidentes utilizaram a população como escudo humano, uma prática que viola flagrantemente o Direito Internacional Humanitário.
O episódio ocorreu num momento em que o governo colombiano procura intensificar o controlo sobre áreas dominadas por economias ilícitas, sobretudo ligadas ao cultivo de coca e ao tráfico de drogas.
Governo exige libertação imediata
O Presidente Gustavo Petro e o Ministro da Defesa, Iván Velásquez, exigiram a libertação imediata dos militares e anunciaram que serão emitidas ordens de captura contra os responsáveis. A Defensoría del Pueblo também interveio, apelando ao respeito pela vida e à devolução pacífica dos soldados.
“Esta é uma grave violação dos direitos humanos e um atentado contra o Estado colombiano”, afirmou Velásquez.
Contexto de violência persistente
Embora o Acordo de Paz de 2016 tenha desmobilizado boa parte das antigas FARC, várias facções dissidentes continuam ativas em zonas estratégicas como o Cauca. Grupos como a Coluna Móvel Carlos Patiño mantêm o controlo de corredores de tráfico e impõem a sua autoridade sobre comunidades locais, muitas vezes à força.
Segundo organizações de direitos humanos, o conflito armado na Colômbia tem vindo a recrudescer nos últimos anos, com aumento de ataques a forças do Estado, homicídios de líderes sociais e deslocações forçadas.
Operação militar em suspenso
As forças militares suspenderam temporariamente as operações na zona para evitar um confronto com civis, mas garantem que retomarão o controlo da área de forma coordenada. Uma missão humanitária está a ser organizada para garantir a libertação segura dos soldados.
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