
Desmobilizados da Renamo dão 20 dias a Ossufo Momade para convocar Conselho Nacional

Maputo, 23 de Junho de 2025 – Cresce a tensão interna na Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), com os desmobilizados de guerra do partido a imporem um ultimato ao seu líder, Ossufo Momade: tem 20 dias para convocar o Conselho Nacional, sob pena de enfrentarem “desordem ao mais alto nível” dentro da organização.
O grupo de desmobilizados acusa a liderança de Ossufo Momade de má gestão, falta de inclusão e de ignorar os anseios dos membros veteranos do partido. A exigência de convocação do Conselho Nacional surge como uma tentativa de forçar um debate interno sobre a actual direcção da Renamo e, possivelmente, redefinir a sua liderança e estratégia política.
“Demos 20 dias ao presidente para convocar o Conselho Nacional. Caso contrário, vamos agir de forma diferente. E desta vez, será ao mais alto nível. Não haverá tréguas”, declarou um dos porta-vozes dos desmobilizados, em conferência de imprensa realizada esta segunda-feira.
Segundo os contestatários, o actual clima de exclusão e ausência de diálogo dentro do partido está a deteriorar ainda mais a coesão interna. “Já fizemos marchas, já escrevemos cartas, já falámos com membros do partido. Ninguém nos ouve. Agora vamos agir com outras ferramentas”, advertiu outro representante do grupo.
O Conselho Nacional é o órgão máximo deliberativo da Renamo entre congressos, com competências para avaliar a actuação da liderança, definir estratégias políticas e, em casos extremos, destituir o presidente.
Até ao momento, Ossufo Momade não reagiu publicamente às exigências, mas fontes próximas da liderança indicam que o ambiente está a tornar-se “insustentável”, com divisões profundas a alastrarem-se entre a base e a direcção.
Este novo episódio de instabilidade interna na Renamo acontece num momento delicado do panorama político nacional, a poucos meses das eleições autárquicas intercalares e com os preparativos em curso para as presidenciais de 2029.
Observadores políticos alertam que a persistência deste conflito poderá enfraquecer ainda mais a principal força da oposição em Moçambique, comprometendo a sua capacidade de fazer frente à Frelimo e de apresentar uma alternativa coesa e credível ao eleitorado.

Publicar comentário