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Qui. Jun 5th, 2025

Mãe sul-africana condenada à prisão perpétua por vender filha de 6 anos a curandeiro tradicional

Uma mãe sul-africana e dois cúmplices foram condenados esta quinta-feira à prisão perpétua pelo tráfico humano da filha de seis anos, num caso que chocou o país e gerou comoção nacional desde o desaparecimento da criança, em fevereiro do ano passado.

Kelly Smith, também conhecida como Racquel Chantel Smith, foi considerada culpada de vender a filha, Joshlin Smith, a um sangoma (curandeiro tradicional), por 20.000 rands — o equivalente a cerca de 1.100 dólares. Segundo o tribunal, a criança teria sido escolhida pelas suas características físicas: olhos verdes e pele clara.

Ao lado de Smith, foram também condenados Jacquen Appollis, seu namorado, e Steveno van Rhyn, amigo do casal. Os três foram responsabilizados pelos crimes de tráfico humano e sequestro, tendo sido sentenciados a prisão perpétua, mais 10 anos adicionais pelo crime de rapto.

O julgamento decorreu num centro desportivo na Baía de Saldanha, para permitir a presença de dezenas de membros da comunidade e imprensa. Durante o processo, mais de 30 testemunhas foram ouvidas, incluindo vizinhos, professores e amigos da família, que relataram comportamentos suspeitos antes do desaparecimento da criança.

O juiz Nathan Erasmus considerou que os réus agiram de forma premeditada e motivada por ganância, desvalorizando o argumento da defesa de que os acusados estariam sob influência de drogas. “Nada justifica a venda de uma criança. Esta corte não pode fechar os olhos a tamanha crueldade”, afirmou o magistrado na leitura da sentença.

Joshlin Smith desapareceu em fevereiro de 2024, e apesar das intensas buscas das autoridades e da mobilização da comunidade, o seu paradeiro continua desconhecido. Inicialmente, Kelly Smith apareceu nas televisões a fazer apelos emocionados pelo regresso da filha, o que aumentou o choque nacional quando o seu envolvimento no desaparecimento foi revelado.

A sociedade civil e organizações de proteção à infância exigem agora reforço das políticas públicas de combate ao tráfico de menores e maior vigilância sobre a atuação de curandeiros tradicionais. “Este caso não pode ser esquecido. É um alerta trágico para o que pode acontecer quando o sistema falha em proteger os mais vulneráveis”, declarou a ONG ChildSafe South Africa em comunicado.

As autoridades sul-africanas mantêm as investigações abertas na esperança de encontrar Joshlin com vida, mas admitem que, após mais de um ano, as possibilidades tornam-se cada vez mais remotas.

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