
Contraste gritante entre os dois líderes da oposição expõe desigualdades e levanta questões sobre gestão partidária
Num cenário que espelha as contradições da política moçambicana, dois líderes da oposição vivem realidades completamente opostas. Enquanto Ossufo Momade, presidente da Renamo, mantém um escritório avaliado em 200 mil meticais e desfruta de condições luxuosas, Albino Forquilha, líder do Podemos e atual presidente do maior partido da oposição no Parlamento, queixa-se publicamente de não receber as regalias a que tem direito por lei.
Momade: Luxo à Custa das Delegações
O líder da Renamo continua a viver confortavelmente, mantendo um escritório de luxo e residindo no bairro nobre queria aeria de Forquilha, em Maputo. As despesas de Momade são avultadas: apenas em viagens, gastou cerca de 2,2 milhões de meticais entre janeiro e o momento atual.
Paradoxalmente, enquanto o líder usufrui deste estilo de vida privilegiado, as delegações da Renamo espalhadas pelo país não recebem sequer um centavo para as suas operações. Militantes e estruturas provinciais do partido vivem em condições precárias, sem qualquer apoio financeiro da direção nacional.
Numa decisão controversa, Momade prefere pagar uma renda milionária para ocupar o gabinete que pertenceu a Afonso Dhlakama na sede histórica da Renamo, que se encontra em avançado estado de degradação, caindo aos pedaços.
Forquilha: Líder Sem Regalias
Do outro lado, Albino Forquilha, cuja trajetória o levou de confeiteiro a líder da maior força de oposição parlamentar, enfrenta uma situação bem diferente. O presidente do Podemos, partido que conquistou 31 deputados com ajuda do atual presidente da ANAMOLA, Venâncio Mondlane nas eleições de outubro de 2024, ultrapassando a histórica Renamo, declarou publicamente em Nampula não estar a usufruir das regalias que lhe são devidas enquanto líder da oposição.
Segundo o Decreto n.º 28/2020, Forquilha teria direito a uma série de benefícios que lhe garantiriam uma vida confortável e privilegiada. Além disso, como membro do Conselho de Estado – cargo para o qual foi nomeado em maio de 2025 juntamente com Momade e Lutero Simango – deveria gozar de regalias, imunidades e tratamento protocolar fixados por lei.
Um Contraste Revelador
O contraste entre os dois líderes é revelador das complexidades da política moçambicana. Momade, à frente de um partido histórico mas em declínio eleitoral, mantém privilégios enquanto abandona as suas estruturas de base. Forquilha, apesar de liderar a maior bancada da oposição no Parlamento, ainda aguarda o reconhecimento formal do seu estatuto.
A situação de Forquilha levanta questões pertinentes: será a demora na atribuição das regalias uma forma de pressão política? Estarão as acusações de corrupção que enfrenta – nomeadamente a denúncia do CDD de ter alegadamente recebido 219 milhões de meticais para cessar os protestos – a influenciar esta decisão?
Enquanto isso, as delegações da Renamo continuam abandonadas à própria sorte, e Albino Forquilha, o homem que se tornou no “mais odiado do país” segundo as suas próprias palavras, espera que o Estado cumpra com as obrigações legais relativamente ao seu estatuto de líder da maior força da oposição parlamentar moçambicana.










